São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Bomba-relógio

O combinado é que um não fala mal do outro e as duas forças se unem no segundo turno. As primeiras entrevistas, porém, indicam o quão impraticável será para Geraldo Alckmin (PSDB) fazer campanha sem criticar a gestão de Gilberto Kassab (DEM), que é também de seu correligionário José Serra. Falando longamente à rádio CBN na manhã de quinta-feira, Alckmin bem que tentou ser apenas propositivo. Mas aqui e ali, da "escuridão" nas ruas de São Paulo ao "caos no trânsito", acabou descascando a prefeitura.
Depois de recente encontro reservado, a relação Serra-Alckmin vive momento de alguma distensão, mas o primeiro já avisou que, se houver ataque à atual administração (municipal ou estadual), virá troco.

Mistura. Até agora nítida, a fronteira entre alckmistas e kassabistas começa a se diluir. Um exemplo é a presença de tucanos ligados ao secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, atuando na campanha do ex-governador.

DDD 1. Jandira Feghali (PC do B) é uma das que mais pressionam o correligionário Aldo Rebelo a desistir da candidatura em São Paulo em favor de Marta Suplicy. Se a ex-deputada, vice-líder nas pesquisas, recebesse em troca o apoio do PT no Rio, saltaria de um tempo irrisório de TV para uma situação competitiva com os adversários.

DDD 2. A negociação em São Paulo, porém, está mais avançada do que no Rio. Há quem diga que a aliança entre Marta e o "bloquinho" pode sair mesmo que o PT se recuse a retirar a candidatura de Alessandro Molon no Rio.

Devagar... Enquanto PT e PSOL sobem o tom pelo impeachment de Yeda Crusius, o "bloquinho" é mais moderado. Manuela D'Ávila (PC do B) e o coordenador de sua campanha à Prefeitura de Porto Alegre, Beto Albuquerque (PSB), têm repetido o bordão de que "ruim com ela, pior com ele", numa referência ao vice Paulo Feijó (DEM).

...com o andor. Vale lembrar que Manuela comporá chapa com um vice do PPS, partido do chefe da Casa Civil degolado em conseqüência das gravações de Feijó.

Mais um. O ex-procurador-geral da Fazenda Nacional Manoel Felipe Brandão diz em privado que foi pressionado pelo juiz do caso Varig, Luiz Roberto Ayoub, a emitir parecer favorável à venda. "Parecia um lobista", afirma Brandão, que deixou o cargo no meio do processo.

Quem te viu... Diante do esforço governista para desqualificar Denise Abreu, senadores da oposição lembram que, na sabatina a que ela foi submetida quando da indicação para integrar a diretoria da Anac, estavam presentes Erenice Guerra, braço-direito de Dilma Rousseff, e o então ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia. Ambos pressionando abertamente pela aprovação de seu nome.

...quem te vê. Em seu depoimento de quarta-feira, Denise deixou escapar recados para senadores governistas. A Romero Jucá (PMDB-RR) disse: "O senhor eu conheço bem". Quando Aloizio Mercadante (PT-SP) tentou constrangê-la, sem sucesso, Denise comentou com quem estava próximo que o petista não gosta dela "por outro motivo".

Em juízo 1. O Conselho Nacional de Justiça deverá retomar, no próximo dia 24, uma discussão que envolve cifras superpoderosas: permitir ou não que bancos privados recebam depósitos judiciais, hoje deixados exclusivamente em instituições públicas.

Em juízo 2. Quando o julgamento foi suspenso, o placar no CNJ indicava sete votos a três em favor do modelo atual. Se houver mais um voto pró-manutenção, o caso estará encerrado. Mas é forte a pressão dos bancos privados pela mudança das regras.

Tiroteio

Por mais acrobacia verbal que se faça, nunca houve saia justa como a de José Serra nesta eleição em São Paulo.


Do deputado PAULO TEIXEIRA (PT-SP) sobre o governador, que anunciou apoio a Alckmin "se" a convenção do PSDB decidir por um candidato próprio, acrescentando que não deixará "de reconhecer sempre a qualidade da ação administrativa e política de Kassab".

Contraponto

No consultório

Na terça-feira passada, durante a cerimônia de entrega da medalha do mérito Oswaldo Cruz, na Faculdade de Medicina da USP, Lula e José Serra encontraram Roberto Kalil Filho, cardiologista de ambos.
O governador de São Paulo discursou primeiro. Ao elogiar o médico, aproveitou para se queixar:
-Dr. Kalil, o senhor é um grande cardiologista... Pena que meus problemas sejam gástricos-, disse, levando a mão à altura do estômago.
Diante dos risos da platéia, o presidente emendou:
-Dr. Kalil, o senhor é um grande cardiologista, mas, depois do que disse o Serra, acho que vou fazer endoscopia.


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