São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

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Apoiado por serristas, Kassab oficializa candidatura em SP

Vice de Serra, Alberto Goldman, chama prefeito de "Alckmin" e de "Geraldo Kassab'

Prefeito fez críticas à gestão do PT e a Alckmin e disse que político responsável sabe a importância de esquecer a vaidade e preservar a aliança

CATIA SEABRA
FERNANDO BARROS DE MELLO

DA REPORTAGEM LOCAL

Numa flagrante demonstração do racha partidário, uma caravana de tucanos participou ontem do lançamento da candidatura do prefeito Gilberto Kassab (DEM) à reeleição em São Paulo. A pedido do governador José Serra (PSDB), que está em viagem no Japão, o vice-governador Alberto Goldman participou da convenção. Em discurso, defendeu aliança já no primeiro turno. "Não posso antecipar o resultado da convenção, mas espero que essa aliança política seja transformada de imediato numa aliança eleitoral", disse, referindo-se à convenção do PSDB no dia 22.
"Se não for possível, estaremos juntos em 90 dias".
Apesar do discurso, Goldman acabou vaiado por ter cometido dois atos falhos -ele chamou Kassab de Geraldo Alckmin e, depois, de Geraldo Kassab.
Em seguida, se justificou: "Nossa aliança é tão forte que confundi os nomes". "Como disse Kassab, Alckmin faz parte do seu governo", disse.
O vice-governador deixou claro que representava Serra no evento, institucionalmente.
Isso tudo exatamente a uma semana da convenção do PSDB, que vai decidir se Geraldo Alckmin será o candidato tucano. Um ônibus levou ontem os kassabistas da casa do prefeito até a Assembléia Legislativa, onde foram realizadas simultaneamente as convenções do DEM e do PMDB.
Dez subprefeitos e sete vereadores do PSDB participaram do encontro, que custou R$ 50 mil. Um dos organizadores da caravana, o secretário municipal dos Esportes, Walter Feldman, chegou a levar faixas em apoio à aliança.
Outro tucano elogiou o jingle da campanha, tocado nas caixas de som dentro e fora do plenário da Assembléia, onde ocorreu a oficialização da candidatura. "Não temos que mudar/ Está andando direito/ Quero continuar/ É Kassab prefeito."
Ex-tucana, hoje no PHS, Zulaiê Cobra anunciou seu apoio ao prefeito e recorreu a um dos expedientes usados por Alckmin. Lembrou de Mario Covas, morto em 2001. "Estou aqui representando um grande homem, que foi o Mario Covas."
Kassab agradeceu nominalmente a presença dos tucanos, entre eles os vereadores Gilberto Natalini e Netinho e o vice-governador, Alberto Goldman. Segundo o prefeito, a aliança com o PSDB é indestrutível.
Sem citar em nenhum momento a ex-ministra Marta Suplicy, pré-candidata do PT, Kassab atacou a "inapetência" e "incompetência administrativa" da gestão petista. "Vimos que para salvar a saúde e a educação não podíamos ficar na superficialidade. Não podíamos ficar no botox, contra a herança que recebemos", afirmou.
"Não podemos permitir que os responsáveis pelos problemas que enfrentamos ponham a perder tudo que construímos", completou o prefeito.
No final do discurso de mais de 20 minutos, ele alfinetou Alckmin. "Todos sabem que não se trata de projeto pessoal [a candidatura]. E quem é político responsável sabe a importância de esquecer as vaidades e os projetos pessoais quando se trata de preservar alianças, agir com lealdade", afirmou.
O presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia, também fez questão de afirmar que a administração municipal é o "governo Serra/Kassab".
Na saída do evento, no palco montado no estacionamento da Assembléia, Kassab discursou para militantes do DEM do PR, do PV, tucanos e do PMDB. Somente o vereador Milton Leite (DEM), disponibilizou três ônibus para levar pessoas da região da Capela do Socorro.
À tarde, os vereadores tucanos e delegados pró-Kassab se reuniram e decidiram manter a proposta de aliança. Eles têm até terça-feira para inscrever a tese para a convenção.


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