São Paulo, segunda-feira, 15 de junho de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

O que vem por aí

Emoção é o que não vai faltar nas próximas semanas no Senado, às voltas com uma sucessão de escândalos administrativos. Na esteira da descoberta dos atos secretos, cujo número real ainda não é conhecido, vão estourar compras superfaturadas, contratos fraudulentos e o tamanho do rombo na folha de pagamentos.
Uma das compras superfaturadas é a troca de lixeiras na gestão Garibaldi Alves (PMDB-RN), sob cifras astronômicas. Entre os contratos de terceirização, os da área de vigilância são emblemáticos: eram cinco, com empresas diferentes e o mesmo objeto. Havia mais de 300 vigilantes contratados, alguns para atuar como recepcionistas -por salários maiores, claro.



Ghostbusters. Por fim, a auditoria no sistema Ergon, que suporta a extensa folha de pagamentos do Senado, deve mostrar pela primeira vez quantos são e onde estão os fantasmas da instituição.

Pelo menos. A velha prática de aditar contratos de terceirização automaticamente começa a mudar. Por ordem da primeira-secretaria, serão lançadas nos próximos dias dez licitações para substituir contratos que vão vencer.

Até o fim. Não se verá o DEM aderir ao coro de "fora Sarney", que começa a ecoar. A sigla, que ajudou a eleger o presidente do Senado, segue unida a ele por laços históricos e por consideração a Roseana Sarney, que por muitos anos foi do antigo PFL.

Assim não. O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), defende que se investiguem as mazelas da Casa, mas não concorda com a tentativa de apear Sarney. "Acho que esse negócio de "fora A" ou "fora B" é ruim e não ajuda em nada".

DDD. Sarney telefonou várias vezes, de São Paulo, para saber detalhes do depoimento de Agaciel Maia à comissão de sindicância, semanas atrás.

Jeitoso. Não foi só a necessidade de redistribuir tarefas de Dilma Rousseff que levou Lula a desistir de nomear Erenice Guerra, braço direito da ministra, para o TCU. O governo concluiu que será mais fácil intervir no viés oposicionista do tribunal com um indicado menos identificado com o PT, como José Múcio.

Matemática. Em conversa sobre o desejo de Lula de usar Erenice para promover seus interesses no TCU, um ministro do tribunal disse: "Ótimo. Ela vota com o governo, e nós oito votamos contra".

Tudo pelo... O DEM lançará em Paulo Afonso (BA), no próximo dia 6, sua plataforma para a área social, em que não tem uma tradição de políticas. Sob o nome de Agenda Família, o partido propõe um programa com quatro eixos, para dizer que está dando um passo à frente do legado lulista.

...eleitoral. A agenda é dividida em renda, educação, saúde e capacitação para o trabalho. O discurso será que é preciso investir em vários níveis de "segurança social", superando o assistencialismo das bolsas. Os recursos virão diretamente da prefeitura, sem a intermediação de ONGs.

Rolando Lero. Políticos presentes ao lançamento de cursos de saúde em Sergipe se divertiram com o discurso cheio de rococós do ministro Fernando Haddad (Educação). O ponto alto foi quando ele substituiu conhecimento por "itinerário informativo".

Vira o disco. O surrado "nunca antes neste país", cunhado por Lula e sempre copiado nos palanques em que o presidente está, começa a ser substituído, nos discursos dos aliados, pelo "sem sombra de dúvida", a muleta linguística preferida de Dilma Rousseff.

Pra gringo ver. Secretário-executivo da Secom, Ottoni Fernandes Jr. viaja na próxima semana a Londres para preparar seminário de promoção do Brasil no exterior.


com VERA MAGALHÃES e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Antes de pensar em fazer uma CPI da Petrobras, o Senado deveria se preocupar em arrumar a própria casa."

Do secretário de Justiça da Bahia, NELSON PELEGRINO (PT), sobre a sucessão de denúncias de irregularidades administrativas envolvendo a Casa, que ainda tenta instalar a CPI para investigar a estatal.

Contraponto

O amor está no ar

Um clima romântico cercou a visita de Lula a Aracaju (SE) na última sexta. O Dia dos Namorados ocupou todos os discursos. O governador Marcelo Déda (PT) saudou a mulher, Eliane Aquino, logo depois do presidente:
-Só citei o presidente primeiro porque é o número um na política, mas Eliane é a número um no meu coração.
Depois, o próprio Déda puxou um coro de "beija, beija" para que o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PC do B), beijasse a namorada no palanque, no que foi prontamente atendido. Por fim, foi a vez de Lula discursar:
-Vou voltar para casa logo para não apanhar de pau de macarrão da dona Marisa, por ter viajado no Dia dos Namorados -, encerrou o presidente.


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