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Renan busca tempo para costurar apoios
Manobras protelatórias geram desgaste, mas presidente do Senado tenta ampliar contatos políticos e considera levar caso ao STF
Peemedebista estuda três possibilidades de ação antes da reunião da Mesa Diretora na terça-feira, incluindo o esvaziamento do quórum
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A manobra protelatória adotada na última quinta-feira pelo presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), foi executada com o objetivo de ganhar tempo para dois usos específicos. Primeiro, o senador
pretende decidir com seus advogados se vale a pena entrar
com alguma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para
diminuir ainda mais o ritmo
das apurações.
A segunda necessidade de
Renan é a de marcar conversas
reservadas com a maioria dos
senadores. O político do PMDB
de Alagoas acredita que seu caso terminará numa votação secreta em plenário.
Nessa hipótese, é necessário
dedicar muito tempo em particular com os integrantes do colégio decisório para ter certeza
de uma eventual absolvição no
escrutínio secreto.
A Folha apurou que Renan
considera perdida sua batalha
no Conselho de Ética, com a
mídia e com a opinião pública.
Enxerga como uma única saída
possível o anonimato confortável de seus apoiadores no voto
secreto, em plenário.
Ganhar tempo
Por essa razão o tempo continua sendo, no entender do alagoano, o seu aliado viável neste
momento. O presidente do Senado contabiliza no seu cálculo
o desgaste por decisões como as
de anteontem -ao postergar
para terça-feira uma reunião da
Mesa Diretora da Casa.
Renan considera a relação
custo-benefício favorável para
ele na manobra. O desgaste pela protelação deteriora sua
imagem, mas um encaminhamento rápido do seu processo
ao plenário resultaria apenas
em uma condenação certa.
Por isso cada semana de atraso no processo é uma semana a
mais para o político alagoano
sentar na cadeira de comando
do Senado e fazer política.
Opções
Até terça-feira Renan continuará a conversar com seus colegas senadores de maneira individual. Mas ele também estudará três opções estratégicas
nos próximos dias:
1) esvaziar o quórum da reunião da Mesa Diretora. Para haver reunião é necessário que estejam presentes pelo menos
quatro dos sete integrantes
dessa instância;
2) recorrer ao Supremo Tribunal Federal para impedir a
Mesa Diretora do Senado de requerer à Polícia Federal a perícia na documentação contábil
das operações comerciais de
seu rebanho;
3) deixar a reunião da Mesa
Diretora encaminhar o pedido
de perícia à Polícia Federal para só então recorrer ao Supremo tentando impedir esse procedimento.
O recurso ao STF ainda não é
uma decisão certa de Renan.
Ele vem sendo aconselhado por
alguns amigos da área jurídica a
não escolher esse caminho.
Uma derrota no Supremo apenas agravaria mais a situação.
Embora pareça desnorteado
e um pouco avoado quando
aparece em público, Renan tem
tomado todas as suas decisões
de maneira muito refletida nos
últimos dias -diferentemente
de suas atitudes no princípio da
crise, no final de maio, período
em que cometeu vários erros
táticos e políticos.
Confronto
No contato com jornalistas, o
presidente do Senado já chegou
a hostilizar repórteres da Folha e da TV Globo. Acredita que
alguns meios de comunicação
se comportam como se fossem
adversários -devem, então, ser
combatidos.
Na semana passada, outro
exemplo de atitude deliberadamente ofensiva se deu quando
endureceu o discurso durante
uma altercação mantida com o
líder do PSDB, senador Arthur
Virgílio (AM). Renan fez um
gesto calculado. Emitiu um recado forte e ambíguo aos senadores ao pronunciar a frase
"vão ter de "sujar as mãos".
É que Renan já considerava
irremediavelmente perdido o
voto de Virgílio. Usou-o então
como "sparing" para dar uma
demonstração de força porque
no dia seguinte, quarta-feira,
teria de emitir um sinal inverso
ao não aparecer na sessão conjunta do Congresso Nacional
-na qual foi votada a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Ou seja, ele quis demonstrar
coragem num dia para não ser
acusado de covardia num momento posterior.
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