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Irmão de Renan teria lucrado R$ 12,7 milhões com negócio
Schincariol comprou empresa de Olavo Calheiros por 6,5 vezes o declarado ao TRE
Quando foi vendida, no ano
passado, a companhia do peemedebista detinha só
0,1% do mercado da área
que vai do Ceará até a Bahia
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Olavo Calheiros
(PMDB-AL) pode ter lucrado
R$ 12,7 milhões líquidos ao
vender a empresa Conny Ind. e
Com. de Sucos e Refrigerantes
à Schincariol, se considerado o
valor de sua participação na
companhia declarado por ele
próprio à Justiça Eleitoral.
Ao concorrer novamente em
2006 a uma vaga na Câmara,
Olavo informou que sua fatia
na Conny (85%) valia R$ 2,295
milhões. A Schincariol pagou
pela empresa R$ 27 milhões.
Descontadas as dívidas, Olavo e
sua mulher, Weruska Calheiros
(dona dos 15% restantes), receberam R$ 17,74 milhões, o que
significou R$ 15,079 milhões
para Olavo. Descontando R$
2,295 milhões, são R$ 12,784
milhões de ganho.
Das duas uma: ou Olavo teve
um grande lucro ao negociar
sua empresa, vendendo-a por
6,5 vezes seu preço real, ou ele
subestimou o valor da companhia ao prestar as informações
sobre seus bens.
Normalmente, os dados patrimoniais encaminhados pelos políticos à Justiça Eleitoral
são os mesmos enviados à Receita Federal. Em 1998, Olavo
mandou à Justiça Eleitoral cópia de sua declaração de Imposto de Renda. Em 2002, no entanto, enviou apenas uma folha
com a descrição de seus bens.
Na de 2006, os dados foram
preenchidos num programa de
computador oferecido pelo
Tribunal Regional Eleitoral.
Procurado para dizer se a informação dada à Justiça Eleitoral é a mesma enviada à Receita, Olavo não ligou de volta.
Na Justiça Eleitoral, não há
previsão de punição para o candidato que prestar dados incorretos, como bens subavaliados.
Já em relação ao Fisco, o contribuinte é obrigado a recolher
imposto sobre o ganho de capital. Se vende, por exemplo, um
imóvel por um preço superior
ao que foi pago na aquisição, o
contribuinte tem de recolher o
imposto sobre a diferença. A
alíquota sobre o ganho de capital é de 15%. Dessa forma, se os
dados que Olavo prestou à Justiça Eleitoral estão corretos, ele
tem de ter recolhido cerca de
R$ 1,9 milhão de imposto.
A Conny foi aberta em 2003,
em Murici (AL). Apesar de uma
série de benefícios concedidos
pela prefeitura, a empresa não
emplacou. Em 2006, quando
foi vendida e Olavo Calheiros
informou que sua participação
valia R$ 2,295 milhões, a empresa detinha apenas 0,1% do
mercado da área que vai da Bahia ao Ceará (não inclui Piauí
nem Maranhão).
A empresa contestava na
Justiça dívidas de pequeno valor, como anuidade de R$ 1.600
ao Conselho Regional de Química. Sem contar as dívidas de
quase R$ 10 milhões, sobretudo
referentes a empréstimos no
BNDES e Banco do Nordeste.
À Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), que
avalia compras e fusões de empresas do ponto de vista da concentração de mercado, a Conny
informou que em 2005 seu faturamento foi de R$ 2,05 milhões. A própria Seae afirmou
que não podia confirmar o dado, pois a empresa não publicava relatório anual nem encaminhou na ocasião documento
que comprovasse o número.
Assim, é improvável que o valor de mercado da empresa tenha aumentado entre sua criação e a venda. Pelo contrário,
dado a pouca representatividade das vendas e o alto endividamento, o normal seria uma
queda no valor da companhia.
Ou seja, se R$ 2,295 milhões
era o valor da participação de
Olavo na empresa em 2003, dificilmente esse número teria
aumentado no ano passado.
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