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CPI terá acesso a números de telefones grampeados em 2007
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI das Escutas Telefônicas terá acesso a todos os números de telefones fixos e móveis grampeados no país em
2007, assim como aos mandados judiciais com a justificativa
da autorização de cada grampo.
As informações, pedidas pelo
relator da comissão, deputado
Nelson Pellegrino (PT), devem
chegar ao Congresso até o começo de agosto. O requerimento foi aprovado em votação
simbólica no começo do mês.
Na sessão, Pellegrino justificou
o seu pedido dizendo que era
preciso ter "a real dimensão do
quê e que tipo de interceptações foram realizadas".
Ninguém da oposição se opôs
ao pedido. O tucano Gustavo
Fruet, no entanto, que entrou
na CPI só na semana passada,
disse que verificará o critério
do requerimento, pois dados
como os números de telefones
grampeados podem prejudicar
ou ajudar muitos.
Pellegrino, que pode pedir
também as informações sobre
os números grampeados no
primeiro semestre deste ano,
disse que todos os dados serão
mantidos em sigilo e que eles
são essenciais para checar, por
exemplo, se "as interceptações
estão realmente banalizadas".
Números levantados pela
CPI nas operadoras mostram
que, em 2007, 409 mil grampos
foram autorizados. As estimativas do relator são as de que cada pessoa grampeada conversa,
em média, com dez pessoas no
período da interceptação -seriam cerca de 4 milhões de pessoas com conversas gravadas.
Ainda de acordo com a CPI, o
índice deve ter aumentado em
10% em 2008. Dados enviados
à comissão por só uma grande
operadora mostram que, nos
dois primeiros meses, foram
feitas 3.840 interceptações.
A CPI foi instalada para apurar denúncias de grampos feitos em gabinetes de ministros
do STF. Até agora, no entanto,
nada foi provado sobre o caso.
Hoje, a comissão votará requerimentos de convocação de
Daniel Dantas, de Naji Nahas,
do ex-ministro Luiz Gushiken e
do ex-deputado Luiz Eduardo
Greenhalgh (PT-SP).
Também devem ser votados
hoje os pedidos de convocação
do delegado da PF Protógenes
Queiroz e do juiz de São Paulo
Fausto De Sanctis, apresentados ontem pelo presidente da
CPI, Marcelo Itagiba (PMDB).
Itagiba diz querer questionar
ambos sobre os indícios de que
Dantas possa ter feito grampos
ilegais. O deputado nega, no entanto, que a CPI queira apurar
os demais desdobramentos da
Operação Satiagraha, da PF.
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