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REGIME MILITAR
Nilmário Miranda instala Comissão de Mortos e Desaparecidos
Comissão quer ampliar benefícios
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sete meses após tomar posse, o
secretário especial de Direitos
Humanos, Nilmário Miranda,
instalou ontem a Comissão de
Mortos e Desaparecidos Políticos
e defendeu a ampliação da lei
atual para contemplar os que
morreram em passeatas ou que
tenham cometido "suicídio forçado". A comissão vai enviar uma
minuta de projeto de lei à Casa Civil e estuda inverter o ônus da
prova na localização de ossadas.
Miranda afirmou que vai pedir
um encontro com os ministros
Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e
José Viegas (Defesa) para discutir
a abertura dos arquivos sobre a
Guerrilha do Araguaia -movimento armado da década de 70
organizado pelo PC do B na região sul do Estado do Pará.
Decisão da juíza Solange Salgado, da 1ª Vara Federal de Brasília,
determina a divulgação dos arquivos das Forças Armadas que
ainda existam sobre o episódio.
Os militares dizem que não há
mais documentos.
O presidente da comissão, Luís
Francisco Carvalho Filho, observou que o órgão atuará, no governo do PT, com a mesma independência que vinha atuando antes.
"A comissão não é um órgão de
governo, é um órgão de Estado.
No governo passado não recebemos nenhum tipo de pressão ou
interferência. O perfil independente será mantido", afirmou.
Segundo as leis atuais, têm direito a receber atestado de óbito e
até indenização financeira os parentes de até quarto grau de pessoas que tenham perdido a vida
em "dependências policiais ou assemelhadas".
O problema, dizem as famílias, é
que a mesma lei diz que as diligências para a localização de ossadas de desaparecidos deverão ser
feitas "mediante solicitação expressa" dos parentes. "Essa questão de responsabilizar as famílias
para indicar onde estão as ossadas
foi uma das afrontas mais sentidas por nós", disse Iara Xavier,
que perdeu dois irmãos e o marido durante o regime militar.
Inverter o "ônus da prova", nesse caso, seria transferir das famílias para o Estado brasileiro a responsabilidade de indicar a localização de ossadas.
Além da Comissão de Mortos e
Desaparecidos Políticos, há no
Ministério da Justiça a Comissão
de Anistia, que também trata de
pessoas perseguidas no período.
A diferença é que a segunda estipula indenizações financeiras aos
que ainda estão vivos e foram prejudicados por atos do governo
durante o regime.
(IURI DANTAS)
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