São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

Próximo Texto | Índice

PAINEL

Novo amor
Já foram melhores as relações da máquina financeira do PT com José Dirceu. Hoje, integrantes desse núcleo enaltecem o pragmatismo da política econômica de Antonio Palocci.

Mercado futuro
Um tema em alta na cúpula arrecadadora petista é a gestação da candidatura de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo em 2006. Falta apenas combinar com Marta Suplicy, que, se reeleita, estará em posição de decidir o que quer da vida.

Made in BB
Passada a tempestade, o BB lança hoje uma nova campanha publicitária. As peças mostrarão a participação do banco na feitura de produtos brasileiros com penetração no exterior.

Limpa-rejeição
A campanha do BB tem 43 filmes de dois minutos. No banco, espera-se que eles consigam reverter o desgaste de imagem causado pelo episódio da compra de ingressos para o show petista de arrecadação de fundos.

Testa marcada
Apesar da aparente calmaria, segue firme a resistência do bunker petista no Banco do Brasil ao presidente da instituição, Cássio Casseb, a quem se atribui a exposição da lambança do partido no caso dos ingressos.

Cardápio único
Passageiros regulares do Sucatão não agüentam mais o bacalhau servido a bordo. Foi o prato da primeira viagem de Lula. Como o presidente adorou, desde então só dá bacalhau. E ninguém tem coragem de reclamar.

Outros valores
Descrente da liberdade de imprensa "absoluta", Luiz Gushiken dá no entanto grande importância aos "valores morais", mencionados pelo menos quatro vezes apenas na introdução do projeto "Brasil Três Tempos", coordenado pelo ministro.

Cenoura 1
Na articulação para atrair o apoio da Igreja Universal, de Edir Macedo, à reeleição de Marta Suplicy em São Paulo, o PT acredita no poder de convencimento de verbas publicitárias federais para a TV Record.

Cenoura 2
O atrativo das verbas publicitárias já havia sido utilizado na negociação que selou o apoio do PTB aos petistas em São Paulo, Rio e Curitiba. Flávio Martinez, vice-presidente petebista, é dono da rede CNT de televisão.

Vitamina
Recém-chegado do Japão, Geraldo Alckmin deverá intensificar sua participação na campanha do tucano José Serra, que perdeu a dianteira em São Paulo para a petista Marta Suplicy.

Dono da área
Não se limitará à área de marketing a intervenção de Orestes Quércia na campanha de Luiza Erundina. Depois de demitir, a pedido do ex-governador, os cabeças de sua equipe, a candidata a prefeita perdeu apoio no PSB e agora, mais do que nunca, depende do peemedebista.

Jogo zerado
Ao assumir o controle, Quércia deixou claro que não pretende se responsabilizar pelas dívidas assumidas pela equipe demitida por Erundina, R$ 700 mil só com uma produtora de vídeo.

Radicais solitários 1
Para não dar corda a conflitos internos, o recém-nascido PSOL decidiu não apoiar nenhum candidato nas eleições municipais deste ano. Nem Luiza Erundina (PSB-SP), a quem a sigla ameaçava dar uma força.

Radicais solitários 2
Estrela do PSOL em Porto Alegre, Luciana Genro decidiu-se pelo voto nulo, deixando para lá Raul Pont, da esquerda petista.

TIROTEIO

Do senador tucano Tasso Jereissati, sobre a indiscriminada quebra de sigilos promovida pela CPI do Banestado, defendida pelo presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT), sob o argumento de que "as pessoas de bem não têm o que temer":
-Para atender aos interesses do atual governo, essa CPI produziu a maior devassa da vida privada da história do país.

CONTRAPONTO

Intraduzível

Poucos meses antes de renunciar à Presidência da República, o advogado e professor de português Jânio Quadros (1917-1992) recebeu carta de um admirador que se oferecia para ministrar-lhe aulas de inglês.
Conhecido pela autoria de bordões rebuscados como "bebo porque é líquido; se fosse sólido, comê-lo-ia", Jânio recusou a proposta do missivista sob o argumento de que se expressava bem no idioma estrangeiro.
Em manuscrito inédito, datado de 3 de fevereiro de 1961 e que será leiloado no próximo dia 20 no clube Hebraica, em São Paulo, o então presidente agradece a oferta das aulas e esclarece o motivo de sua recusa:
-Minhas dificuldades são outras: nem todos me entendem na língua portuguesa, o que leva muita gente às interpretações mais extravagantes e desabusadas do que digo ou escrevo. E aí o senhor não poderá me ajudar.


Próximo Texto: PT federaliza horário eleitoral para "surfar" onda econômica
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.