São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA NA TV

Em pelo menos seis capitais, programa em rádio e TV citará crescimento econômico

PT federaliza horário eleitoral para "surfar" onda econômica

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em pelo menos seis capitais, o PT vai federalizar o horário eleitoral gratuito. Parte dos programas de TV e rádio citará a retomada do crescimento para surfar onda econômica, dando crédito ao governo federal do PT, para vitaminar as candidaturas municipais.
A Folha apurou que a estratégia de federalizar as eleições já no início do horário eleitoral gratuito, que começa na próxima terça-feira, é do publicitário Duda Mendonça. Ele cuida de candidaturas petistas em cinco capitais -São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Curitiba e Goiânia.
A outra capital onde será aplicada a estratégia é o Rio de Janeiro, cidade na qual o publicitário Nizan Guanaes, que fez as campanhas do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, é o encarregado do marketing político do petista Jorge Bittar.
Há cerca de três meses, a cúpula do PT e Duda avaliavam que a oposição federalizaria as eleições municipais usando dados negativos da economia (alto desemprego e baixa produção industrial, por exemplo). Mas de lá para cá houve uma mudança no quadro econômico. Uma série recente de sinais positivos, dando conta de recuperação da economia, veio a público e ajudou a melhorar a popularidade do governo e o desempenho de candidatos petistas nas eleições municipais.

Momento estratégico
O ponto alto da federalização petista deverá ser o final do mês de agosto, quando será anunciado o resultado do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro semestre deste ano. O anúncio, a pouco mais de um mês das eleições de 3 de outubro, ajudará a reforçar o clima favorável ao PT, na avaliação da cúpula do governo e do partido.
Como revelou anteontem a Folha, Lula já foi informado de que o PIB cresceu entre 4,5% e 5% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2003. O governo fala em crescimento de 3,5% do PIB. Reservadamente, autoridades do governo já falavam numa taxa superior a essa, próxima de 4%.
Onde o PT é poder, como São Paulo, Belo Horizonte e Recife, a federalização será usada como sinal de que há uma melhoria no cenário federal promovida pelo PT e que essas cidades terão a ganhar com prefeitos que pertençam ao partido de Lula. Onde o PT é oposição, como Curitiba, Rio e Goiânia, o discurso será o de que essas cidades deverão buscar um bom relacionamento com um governo que demonstra êxito na condução econômica.
É óbvio que questões municipais terão espaço significativo nos programas dos candidatos do PT, mas a forma de usar o governo Lula mudou. A expectativa de ter um discurso defensivo mudou para a adoção de um discurso ofensiva, na linha de que o PT recebeu um país com muitos problemas, tomou medidas duras, mas começam a aparecer frutos.
O pronunciamento em rede nacional do presidente feito anteontem é uma amostra do que deverá ser a federalização promovida pelo PT. Lula afirmou: "Não há mais nenhuma dúvida. Estamos, finalmente, iniciando um novo e importante ciclo de recuperação e crescimento".
O presidente usou o rádio e a TV antes do início do horário eleitoral para tentar evitar ou pelo menos minimizar acusação de utilizar a máquina pública a favor dos candidatos do PT.
O governo não admitirá, mas o pronunciamento teve o objetivo de fazer ligação entre o bom momento econômico e as eleições.
Os CEUs (Centros Educacionais Unificados), que já serão uma espécie de coqueluche da propaganda eleitoral da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, deverão surgir em outras campanhas de candidatos petistas como proposta exitosa para a educação.



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