São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 2006

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Documentos de Vedoin incriminam congressistas

Líder da máfia apresentou papéis de depósitos em contas correntes e de veículos

Documentação entregue à CPI soma 1.376 páginas; deputado contra quem há mais indícios é Lino Rossi (PP), que teria levado R$ 3 mi

RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Documentos como depósitos em contas correntes e anotações reforçam e dão sustentação à acusação de Luiz Antonio Vedoin contra mais de uma centena de congressistas, ex-congressistas, prefeitos e outros integrantes do Executivo. Soma 1.376 páginas a documentação entregue por ele à CPI dos Sanguessugas.
Sócio da Planam, empresa que encabeçou a máfia das ambulâncias, Vedoin entregou às autoridades cópias de anotações pessoais, recibos de depósitos e transferências bancárias e documentos de veículos dados como propina.
O mais farto registro de participação na fraude é sobre o deputado Lino Rossi (PP-MT). São 152 páginas com cópias de cheques que teriam sido repassados ao parlamentar, cópias de depósitos bancários na conta do deputado, além de outros documentos como uma nota fiscal da compra de vários eletrodomésticos que teriam sido entregues a Rossi.
Segundo Vedoin, Rossi foi o primeiro parlamentar a manter contato com a Planam. Com ajuda dele, a empresa teria ampliado seu leque de contatos no Congresso. A CPI diz que o deputado recebeu R$ 3,1 milhões em propina. Rossi nega participação em irregularidades.

Depósitos em conta
Os documentos de Vedoin também são fartos em relação ao deputado Cabo Júlio (PMDB-MG), contra quem há uma série de depósitos feitos pelos Vedoin em várias contas pessoais suas no Banco do Brasil. Cabo Júlio disse que apresentará sua defesa após analisar o relatório da CPI.
Outro com depósito em conta corrente é João Caldas (PL-AL), quarto-secretário da Câmara, que recebeu R$ 6.000 da Planam em conta pessoal. Caldas diz que mandou estornar o depósito, que teria sido feito com o intuito de incriminá-lo.
Os documentos mostram também depósitos na conta de supostos emissários que o dirigente petista José Airton Cirilo teria enviado para negociar com os Vedoin. José Airton nega participação na fraude.
Entre os casos em que Vedoin apresentou comprovantes de transferência de veículos a parlamentares, está um Fiat Ducato repassado a Ricarte de Freitas (PTB-MT), que admite o seu uso, como teste, durante dois meses em 2002. Ricarte nega relação com a máfia.
Outro documento se refere a um Fiat transferido para Lino Rossi, que teria depois sido repassado ao senador Magno Malta (PL-ES). Os documentos de Vedoin incluem um cheque de R$ 50 mil com a anotação "Magno Mata (sic)". Malta nega relação com a quadrilha, dizendo que só usou o veículo devido à amizade que tem com Rossi.


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