São Paulo, quarta-feira, 15 de agosto de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Corpo-a-corpo

Ao fazer seu terceiro discurso em uma semana, Renan Calheiros (PMDB-AL) mostra que já está "trabalhando o plenário", no dizer de senadores que assistiram ontem à fala do presidente da Casa. Por dar de barato que o Conselho de Ética terminará por recomendar sua cassação, Renan se concentra agora em afagar aqueles a quem ameaçou aberta ou veladamente.
De quebra, segue martelando a tecla de que as denúncias, todas elas, seriam obra do usineiro João Lyra, ex-aliado e hoje adversário em Alagoas. Tudo de olho na votação secreta. "Daqui para a frente ele usará todo o seu charme para reconquistar o plenário", avalia um governista enfronhado no processo.

Já passou. Um conhecedor dos humores do Senado diz que Renan aposta tudo no plenário por avaliar que ali ainda tem maioria. O conhecedor também diz que a avaliação de Renan está errada.

Para registro. Dois trechos do discurso de Renan foram anotados por um senador tucano num pedaço de papel: quando ele disse ter apresentado "documentos autênticos e verazes" e jamais ter possuído emissoras de rádio, "formal ou informalmente".

Cabo-de-guerra. Os líderes do DEM e do PSDB têm dificuldade de fazer toda a bancada aceitar a obstrução no Senado. Ontem, era pesado o lobby dos ruralistas sobre senadores como Jonas Pinheiro (MT) e Kátia Abreu (TO), ambos do DEM, pela votação de medida provisória que trata de crédito rural.

Calor. O relator da CPMF no Senado será escolhido pelo presidente da CCJ, Marco Maciel. E como Marco Maciel não é Antonio Carlos Magalhães, seu antecessor, o nome será uma "decisão de partido". Em outras palavras, vem aí um "demo" disposto a dar trabalho ao governo.

Locação. Inocêncio Oliveira (PR-PE) pediu autorização à Mesa para que as dependências da Câmara sejam palco, no dia 3 de setembro, de capítulo de um "reality show" em que participantes buscam pistas a fim de receber prêmio de R$ 500 mil. O nome do programa é "Corrida Milionária".

Incêndio. A oposição está a seis assinaturas de conseguir apresentar requerimento para instalar uma CPI da Petrobras no Senado. A líder petista, Ideli Salvatti, só foi avisada ontem. Entre os signatários há governistas, até do PT.

Agora vai? A nova data escolhida para que Lula anuncie obras no PAC em Porto Alegre, terra de muitas vítimas do desastre em Congonhas, é dia 20. A visita vem sendo adiada desde o acidente.

YouTube. Wilma de Faria (PSB) entrou na luta para que o governo conclua o aeroporto de cargas de São Gonçalo do Amarante. Um grupo enviado pela governadora do Rio Grande do Norte à Casa Civil na semana passada chegou a levar a tiracolo um vídeo em que a ministra Dilma Rousseff promete terminar a obra.

Calculadora. O governo Serra afirma que seriam necessários R$ 6,9 bi para atender integralmente às reivindicações dos professores da rede estadual -reajuste de 36%, incorporação das gratificações pelos inativos e piso salarial de R$ 1.670 para 30 horas semanais de trabalho. O gasto com a folha hoje é de R$ 8,5 bi.

Assim não. A idéia inicial de Gilberto Kassab era nomear Alexandre de Moraes apenas para a SPTrans. Mas o titular dos Transportes, Frederico Bussinger, que acumulava o comando da empresa, não aceitou a divisão. Acabou instalado na nova estrutura criada para "planejar" o setor, e Moraes virou secretário.

Leia-se. Marta Suplicy diz que não será candidata a prefeita no ano que vem porque, hoje, não lhe interessa dizer outra coisa. Só isso.

Tiroteio

"Observações como essa nos fazem entender por que, na campanha de 2002, quando presidia o PSDB, ele foi apelidado de "José Inábil"."


Do presidente do DEM, RODRIGO MAIA, sobre o deputado José Aníbal, segundo quem o PSDB deixar de ter candidato a prefeito em São Paulo para apoiar Gilberto Kassab seria como "o rabo abanar o cachorro".

Contraponto

Sorte grande

Durante caminhada pelas ruas de Salvador, Jutahy Magalhães (1929-2000), pai do deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), foi abordado por um homem aparentemente embriagado, que de pronto o reconheceu:
-Ô, senador, me dá uma ajuda aí!
Magalhães tirou um trocado do bolso e entregou ao homem, não sem antes recomendar:
-Vê se não vai gastar em bebida, hein?
O homem contou o dinheiro escasso, olhou para Magalhães e ainda conseguiu ser irônico:
-Pode ir embora tranqüilo, senador. Com tudo isso aqui eu acho que vou comprar é uma casa!


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