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Governo obtém 1ª vitória para prorrogar CPMF sem partilha
Deputado muda de idéia após Planalto acelerar liberação de emendas e nomeações
Em sessão da CCJ, Eduardo Cunha, o relator do projeto, altera seu parecer e aceita retirar a divisão da receita com Estados e municípios
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após acelerar a liberação de
emendas e a nomeação de indicados políticos para o segundo
escalão, o governo obteve uma
primeira vitória na longa tramitação da emenda constitucional que prorroga a CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira).
Logo no início da sessão da
CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara que
analisa a constitucionalidade
do chamado "imposto do cheque", o relator da proposta, deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), aceitou modificar
seu parecer e retirar um ponto
que previa a divisão da receita
com Estados e municípios, o
que é rejeitado pelo governo.
A emenda da divisão dos quase R$ 40 bilhões anuais agora
tramitará em separado do texto
principal, o que facilita a ação
do governo para derrubá-la.
Cunha, considerado o padrinho político da indicação do ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde para a presidência de Furnas, reagiu irritado à sugestão
de que haveria uma relação da
indicação com seu parecer. Disse que o importante é que a
emenda da divisão será aprovada pela CCJ, assim como todas
as outras -o mérito delas será
discutido mais à frente. "Todas
as emendas serão tratadas de
maneira igual, para não dar
margem às insinuações que estamos cansados de ouvir, de
que algo não estaria correto."
A sessão da CCJ que discutia
a prorrogação da CPMF até
2011 foi suspensa à tarde e será
retomada hoje, quando os deputados votarão se ela é constitucional ou não. Cunha já apresentou parecer favorável à
constitucionalidade.
Enquanto isso, o governo
abre o cofre e acerta indicações
para cargos. Nos dez primeiros
dias de agosto, foram empenhados R$ 74,1 milhões em
emendas parlamentares, contra R$ 20,7 milhões nos sete
primeiros meses do ano. Ontem saíram duas nomeações de
aliados para o segundo escalão.
O ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz, do PC do B, assume uma diretoria da Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Michel Tachy,
indicado pelo PR do Pará, ficou
com uma diretoria no Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte).
A aprovação na comissão seria apenas o primeiro passo: a
CPMF ainda teria que percorrer um itinerário que inclui
uma comissão de mérito, duas
votações no plenário da Câmara e depois repetir todo o procedimento no Senado.
O governo avalia que, se sua
base votar unida, a aprovação
será tranqüila, ao menos na Câmara. O problema é que há rebeldes de todos os lados. Partidos como PP, PR e PTB, encorajados pelo exemplo de Furnas, pressionam por indicações
no segundo escalão.
Como se não bastasse, ontem
o chamado "bloquinho", que
reúne PSB, PDT e PC do B, começou a discutir a possibilidade de defender a redução da alíquota de 0,38% anuais para
0,08%. O debate continua na
semana que vem.
Mas a oposição está dividida.
O DEM e o PPS se dizem contrários à contribuição. "O Brasil
tem excesso de arrecadação. Isso, somado a uma redução de
metade dos ministérios, compensaria o fim dessa contribuição", afirma o presidente do
DEM, Rodrigo Maia.
Mas os tucanos, em cujo governo a contribuição foi criada,
se dizem favoráveis a ela, embora com alíquota reduzida.
"Não há razão para não reduzir
substancialmente a alíquota da
CPMF. Mas nós não faremos
como fazia o PT no passado e
vamos votar pela constitucionalidade da emenda", disse Jutahy Junior (PSDB-BA).
Em São Paulo, tucanos ligados ao governador José Serra
(PSDB) repetiam ontem que o
assunto é restrito ao Congresso. E que a proposta de redução
de alíquota não foi alvo de discussão do partido nem da bancada. Questionado pela Folha
sobre o assunto após visita a
uma obra, Serra entrou no carro sem responder.
Colaboraram RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília, e a Reportagem Local
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