São Paulo, quarta-feira, 15 de agosto de 2007

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Pela CPMF, governo discute nomes para suceder Renan

Roseana Sarney e Gerson Camata são os mais cotados a ocupar a eventual vaga

Base aliada teme que, além da estabilidade do Senado, o desgaste do caso também prejudique acordos para a aprovação do tributo

SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Às vésperas da conclusão da perícia da Polícia Federal nos documentos do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), considerada peça-chave para o desfecho do caso, intensificaram-se nos bastidores as negociações para preparar um sucessor caso sua situação se torne insustentável nas próximas semanas.
Além da estabilidade política na Casa, governistas temem que o desgaste do caso contamine acordos para conseguir aprovar o projeto de prorrogação da cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), cuja largada foi dada ontem na Câmara dos Deputados.
A avaliação dos governistas, em contato com o coordenador político do governo, ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), é que Renan lutará até o fim para se manter no posto, o que poderá protelar o desfecho dos processos que enfrenta.
A tendência é que Renan enfrente três processos simultâneos, além das investigações do corregedor da Casa, Romeu Tuma (DEM-SP).
A previsão dos relatores do primeiro processo contra Renan é que ele seja concluído no conselho no início de setembro. O segundo caso, que envolve a cervejaria Schincariol, sequer teve seu relator escolhido. Amanhã, a Mesa Diretora deverá encaminhar ao conselho um terceiro, que trata das denúncias de que ele é sócio oculto de rádios em Alagoas.
Caso o conselho aprove um eventual pedido de cassação de Renan, o caso ainda teria um longo caminho, passando pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) até ser analisado pelo plenário. Nesse percurso, cabem pedidos de vista e manobras regimentais diversas.
A avaliação de líderes da base do governo é que, em condições normais, Renan seria o articulador do acordo sobre a CPMF no Senado devido à influência no PMDB -maior bancada- e ao trânsito com o PSDB.
Mas, com a incerteza do tempo que as investigações ainda vão durar, líderes governistas e do PMDB já discutem alternativas para esse cenário.
A primeira delas, apontada como "saída natural", é que a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) assuma essa articulação política. Além do cargo de líder do governo no Congresso, pesa em favor dela o desempenho positivo na votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentária). Com isso, Roseana poderia, inclusive, construir pontes para uma eventual sucessão de Renan.
O segundo cenário envolve fortalecer o nome do senador Gérson Camata (PMDB-ES), considerado um governista moderado e com perfil conciliador. A idéia é que ele se viabilizasse como possível substituto de Renan com o aval de parte da oposição, o que desbancaria o nome de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que não agrada ao Palácio do Planalto. O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) "corre por fora".
Nos bastidores, o primeiro sinal da movimentação silenciosa de Camata teria sido o fato de ele ter votado a favor do envio da representação do caso Schincariol ao conselho.


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