São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

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STF manda soltar Chicaroni, último preso pela Satiagraha

Decisão é extensão do pedido que libertou Humberto Braz, também acusado de suborno

Tentativa de pagamento de propina atribuída a Dantas foi confirmada ontem pelos delegados Protógenes e Ferreira, em depoimento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Eros Grau mandou soltar ontem Hugo Chicaroni, preso na Operação Satiagraha, apontado pela Polícia Federal como intermediador do banqueiro Daniel Dantas em tentativa de suborno.
Os advogados de Chicaroni entraram no Supremo com pedido de extensão da decisão que libertou Humberto Braz, também apontado como suposto intermediador de Dantas na tentativa de suborno. Grau aceitou o pedido.
Na decisão, o ministro afirmou que a situação de Braz -assim como a de Chicaroni- é "menos grave" que a de Dantas. "A ele é imputada tão somente a prática do crime de corrupção ativa, ao passo que a Daniel Dantas são atribuídas outras tantas condutas delituosas." Grau também disse que a prisão decretada contra Braz apresentava "ilegalidade", já que só deve acontecer em situação "excepcionalíssima".
Chicaroni era o único dos envolvidos no suposto esquema desbaratado pela Operação Satiagraha que continuava preso. Ele teve sua prisão decretada em 10 de julho e foi preso no mesmo dia. Braz só se entregou à PF quatro dias depois.
Na ocasião, Braz e Chicaroni pediram que a decisão fosse estendida para eles. O pedido foi negado por Gilmar Mendes, presidente do STF, que alegou que "a prisão preventiva decretada em desfavor dos atuais requerentes fundamenta-se em situação fática distinta daquela apreciada em favor" de Dantas.
A tentativa de suborno atribuída a Dantas foi confirmada ontem pelos delegados Protógenes Queiroz e Victor Hugo Ferreira. Eles foram ouvidos pelo juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, como testemunhas de acusação do Ministério Público Federal, que denunciou o banqueiro por formação de quadrilha e corrupção ativa.
Um terceiro agente da PF também foi convocado a depor, mas a Procuradoria desistiu de ouvi-lo, pois considerou suficiente os outros depoimentos, que acabaram às 20h30. Dantas, Chicaroni e Braz acompanharam a sessão. Chicaroni soube que seria solto enquanto assistia aos depoimentos.
No depoimento, Ferreira afirmou que a oferta de propina partiu de Chicaroni e Braz. A negociação de propina com os policiais foi autorizada pela Justiça e filmada pela PF.
Os três réus não puderam formular perguntas aos policiais, mas seus advogados, sim. O defensor de Dantas, Nélio Machado, tentou mostrar supostas inconsistências na investigação. Segundo ele, o relatório da polícia afirma que um dos beneficiados no pagamento da propina seria o filho do banqueiro -Dantas não tem filho. Na verdade, a polícia se referia ao sobrinho do banqueiro.
Dantas disse ontem que Protógenes "tentar criar dificuldades" para ele. Ele escolheu suas testemunhas -que serão ouvidas dia 22 a partir das 9h30. Entre eles está o senador Heráclito Fortes (DEM-PI).


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