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STF manda soltar Chicaroni, último preso pela Satiagraha
Decisão é extensão do pedido que libertou Humberto Braz, também acusado de suborno
Tentativa de pagamento de propina atribuída a Dantas foi confirmada ontem pelos delegados Protógenes e Ferreira, em depoimento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Eros Grau
mandou soltar ontem Hugo
Chicaroni, preso na Operação
Satiagraha, apontado pela Polícia Federal como intermediador do banqueiro Daniel Dantas em tentativa de suborno.
Os advogados de Chicaroni
entraram no Supremo com pedido de extensão da decisão
que libertou Humberto Braz,
também apontado como suposto intermediador de Dantas
na tentativa de suborno. Grau
aceitou o pedido.
Na decisão, o ministro afirmou que a situação de Braz
-assim como a de Chicaroni-
é "menos grave" que a de Dantas. "A ele é imputada tão somente a prática do crime de
corrupção ativa, ao passo que a
Daniel Dantas são atribuídas
outras tantas condutas delituosas." Grau também disse que a
prisão decretada contra Braz
apresentava "ilegalidade", já
que só deve acontecer em situação "excepcionalíssima".
Chicaroni era o único dos envolvidos no suposto esquema
desbaratado pela Operação Satiagraha que continuava preso.
Ele teve sua prisão decretada
em 10 de julho e foi preso no
mesmo dia. Braz só se entregou
à PF quatro dias depois.
Na ocasião, Braz e Chicaroni
pediram que a decisão fosse estendida para eles. O pedido foi
negado por Gilmar Mendes,
presidente do STF, que alegou
que "a prisão preventiva decretada em desfavor dos atuais requerentes fundamenta-se em
situação fática distinta daquela
apreciada em favor" de Dantas.
A tentativa de suborno atribuída a Dantas foi confirmada
ontem pelos delegados Protógenes Queiroz e Victor Hugo
Ferreira. Eles foram ouvidos
pelo juiz Fausto De Sanctis, da
6ª Vara Federal Criminal de
São Paulo, como testemunhas
de acusação do Ministério Público Federal, que denunciou o
banqueiro por formação de
quadrilha e corrupção ativa.
Um terceiro agente da PF
também foi convocado a depor,
mas a Procuradoria desistiu de
ouvi-lo, pois considerou suficiente os outros depoimentos,
que acabaram às 20h30. Dantas, Chicaroni e Braz acompanharam a sessão. Chicaroni
soube que seria solto enquanto
assistia aos depoimentos.
No depoimento, Ferreira
afirmou que a oferta de propina
partiu de Chicaroni e Braz. A
negociação de propina com os
policiais foi autorizada pela
Justiça e filmada pela PF.
Os três réus não puderam
formular perguntas aos policiais, mas seus advogados, sim.
O defensor de Dantas, Nélio
Machado, tentou mostrar supostas inconsistências na investigação. Segundo ele, o relatório da polícia afirma que um
dos beneficiados no pagamento
da propina seria o filho do banqueiro -Dantas não tem filho.
Na verdade, a polícia se referia
ao sobrinho do banqueiro.
Dantas disse ontem que Protógenes "tentar criar dificuldades" para ele. Ele escolheu suas
testemunhas -que serão ouvidas dia 22 a partir das 9h30.
Entre eles está o senador Heráclito Fortes (DEM-PI).
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