São Paulo, sábado, 15 de agosto de 1998

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PT teme prejuízo eleitoral

da Reportagem Local

Apesar da aparente tranquilidade dos petistas, teme-se no partido que o caso da compra do apartamento de Luiz Inácio Lula da Silva traga prejuízos eleitorais ao candidato. Prevalece aí a máxima óbvia de que nunca é bom um candidato perder tempo de campanha tendo que se explicar.
"Não temos de perder tempo com isso. Por mim, o assunto está encerrado. O Lula já esclareceu o que devia e, se a imprensa continuar insistindo no caso sem apresentar provas, vamos entrar com uma série de processos", diz Marco Aurélio Garcia, coordenador do programa de governo de Lula.
A avaliação no partido, que não acredita em deslizes de Lula nesse episódio, é que o assunto surgiu no pior momento possível, quando o PT daria a última cartada para tentar a inversão das pesquisas com o início do horário eleitoral gratuito, marcado para o dia 18.
O caso do imóvel de Lula junta-se à falta de dinheiro na campanha e, nos bastidores, há ceticismo sobre a chance de derrotar o "rolo compressor armado em torno do candidato tucano à reeleição".
O bastidor do partido abriga também um silêncio velado sobre as relações entre Lula e o advogado Roberto Teixeira, amigo e dono da casa em que o candidato ainda mora, de graça, em São Bernardo.

Proximidade
Muitos petistas não dizem publicamente, mas temem que a proximidade de Lula com Teixeira acabe se transformando em ponto gerador permanente de problemas para o candidato.
Ninguém ousa sugerir a ele o afastamento do amigo. Nas poucas vezes em que se insinuou algo parecido ao líder, Lula deixou claro que confia totalmente no advogado.
Mesmo sustentando publicamente a tese de que Lula já deu todas as explicações sobre a compra do imóvel, alguns petistas acham que o candidato reagiu mal quando teve de se pronunciar sobre o assunto, mostrando-se arredio e nervoso. Isso porque, segundos eles, Lula muda quando tem de falar sobre sua vida pessoal.
Foi assim na eleição de 89, quando estourou o caso Lurian (sua ex-namorada Miriam Cordeiro o acusou de tentar forçá-la a fazer um aborto) e também durante o episódio Cpem, em que Teixeira foi acusado de intermediar contatos entre a empresa e prefeituras do PT.



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