São Paulo, sábado, 15 de agosto de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
Dono do grupo Arbi, que tem 0,5% do capital com direito de voto da Telerj Celular, quer vaga no conselho
RBS começa investida contra Telefónica

ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio

A Telefónica de España está começando a sentir o gosto amargo da briga que comprou com o grupo de comunicação gaúcho RBS (Rede Brasil Sul, da família Sirotsky) no leilão da Telebrás.
Daniel Birmann, dono do grupo Arbi e primo do presidente do grupo RBS, Nelson Sirotsky, comprou 0,5% do capital com direito a voto da Telerj Celular, hoje controlado pela Telefónica.
Com essa participação, Birmann reivindica um lugar no conselho fiscal da companhia, na condição de representante dos minoritários, para fiscalizar todos os atos administrativos dos espanhóis.
O desentendimento entre a RBS e os espanhóis -que são sócios na CRT, telefônica do Rio Grande do Sul- começou logo no início do leilão da Telebrás. Os dois sócios haviam acertado que iriam disputar, juntos, a compra do controle acionário da Tele Centro Sul.
Para surpresa dos Sirotsky, a Telefónica rompeu o acordo prévio e apostou todas as fichas na Telesp fixa. Os espanhóis acabaram comprando a empresa, e a relação com os gaúchos ficou abalada.
Além de levar a Telesp fixa, a Telefónica de España e seus parceiros espanhóis, Iberdrola e Banco Bilbao Vizcaya, compraram o controle da Sudeste Celular e da Leste Celular (Bahia e Sergipe).
Anteontem, na assembléia para eleição dos membros dos conselhos administrativo e fiscal da Telerj Celular, Birmann começou a dar o troco. Enviou seus advogados para a reunião com procuração para representá-lo e de carta da Bolsa do Rio informando o volume de ações com direito a voto da Telerj Celular que ele possui.
Antes, Birmann estudou os estatutos da Telerj Celular e, segundo afirmou à Folha, descobriu que ele prevê a participação de um representante dos minoritários no conselho fiscal e não fixa um percentual mínimo de ações para isso.
Para surpresa dos representantes dos controladores, os advogados de Birmann fizeram incluir na ata da assembléia a manifestação formal da intenção do empresário, que, agora, prepara-se para discutir a questão na Justiça.
A Lei das Sociedades Anônimas prevê a representação dos minoritários, mas exige que ele tenha uma participação mínima de 10% das ações com direito a voto. Birmann sustenta que esse percentual não se aplica no caso da Telerj Celular, uma vez que o estatuto da empresa não fixa percentual.
Os advogados da Telefónica dizem que os representantes de Birmann não propuseram nomes na votação do conselho fiscal, mas apenas sugeriram a participação de um representante dos minoritários. Eles sustentam que o representante terá que comprovar possuir o mínimo de 10% do capital votante, como previsto na lei.



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