São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
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PROTESTO
Mas movimento critica manobra da bancada ruralista para refinanciar "caloteiros"
Agricultores têm apoio de sem-terra

do enviado a Londrina (PR)


O movimento de agricultores que chega amanhã a Brasília tem o combate ao "desrespeito ao direito de propriedade" como uma de suas reivindicações. Mas enquanto as lideranças criticam os sem-terra, a maioria dos agricultores presta solidariedade a eles.
A coordenação nacional do MST concorda com duas propostas apresentadas pelos agricultores: o combate à falta de receita do produtor rural e ao endividamento agrícola.
Dentro do movimento dos agricultores é possível notar um "racha" sobre as posturas em relação ao MST.
"Somos a favor da reforma agrária, mas contra as invasões de terras produtivas. A União tem muita terra devoluta no Pará que poderia servir para a reforma agrária, sem qualquer custo. O problema é a total morosidade do governo em distribuir as terras", diz Sérgio Ribeiro Correia, coordenador do movimento dos agricultores no Pará.
Na última sexta-feira, o comboio de caminhões dos agricultores passou em frente a um pequeno acampamento do MST em Pitanga (PR). Enquanto alguns fazendeiros se mostravam irritados, a maioria dos produtores buzinava e fazia sinal de positivo para os trabalhadores acampados, que retribuíam a gentileza.
"Os pequenos agricultores são a favor dos sem terra. A situação no campo hoje é calamitosa", diz Waldemar Francisco Pereira, coordenador do acampamento.
De fato, a coordenação nacional do MST se mostra favorável aos interesses dos pequenos e médios agricultores, mas contra a vontade dos latifundiários.
"Cerca de 440 mil pequenas e médias propriedades foram extintas nos últimos quatro anos. Apoiamos a causa desses agricultores. Muitos deles têm relações com o MST nos sindicatos rurais", afirma Gilberto Portes, coordenador nacional do MST.
Ele afirma, contudo, que a bancada ruralista está usando a má situação da agricultura brasileira para mobilizar os pequenos e médios produtores em favor de seus interesses. "Somos contra os grandes caloteiros do Banco do Brasil que querem refinanciar mais uma vez suas dívidas."


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