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Procuradores rastreiam dinheiro
ROBERTO COSSO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A estratégia do Ministério Público Federal para recuperar os
US$ 200 milhões depositados em
Jersey, um paraíso fiscal no canal
da Mancha, em nome do ex-prefeito paulistano Paulo Maluf
(PPB) e de seis familiares dele, é
refazer o caminho do dinheiro, de
trás para a frente.
Na edição de 10 de junho, a Folha revelou a existência dos depósitos ilegais em nome de Paulo Salim Maluf, Sylvia Maluf (mulher
de Maluf), Flávio Maluf, Otávio
Maluf, Lina Maluf, Lígia Maluf
Curi (filhos de Maluf) e de Jacqueline Maluf (mulher de Flávio).
Em ofício encaminhado ao Brasil, em agosto, o governo da Suíça
confirmou que Maluf tinha dinheiro no país e transferiu os depósitos para Jersey, em 1997. O
ex-prefeito nega com veemência
que ele ou qualquer familiar tenham depósitos no exterior.
Os procuradores Pedro Barbosa
e Denise Abade, do Ministério
Público Federal, devem enviar
nos próximos dias uma "letter of
request" (carta de solicitação) ao
Escritório para Registros de Lavagem de Dinheiro de Genebra.
O objetivo é obter todas as informações disponíveis na Suíça
sobre as movimentações financeiras realizadas por Maluf e familiares dele. Os procuradores esperam que o procurador suíço Jean-Louis Crochet, de Genebra, abra
um inquérito criminal para investigar Maluf por suposta prática de
crime de lavagem de dinheiro
(ocultar a natureza de dinheiro ilícito para fazer com que ele tenha
aparência de dinheiro lícito).
O Ministério Público espera obter informações das autoridades
suíças sobre a origem de cada um
dos depósitos realizados pela família Maluf naquele país.
Há suspeitas de que as contas de
Maluf no Citibank de Genebra,
que funcionaram entre 1985 e
1997, tenham recebido vários depósitos. A partir do rastreamento
do dinheiro, espera-se que seja
possível comprovar que esse dinheiro saiu do Brasil.
No caso da chamada "cadeia da
felicidade" -negociações irregulares com títulos públicos para o
pagamento de precatórios judiciais-, cerca de R$ 600 milhões
desapareceram dos cofres públicos por meio de contas CC-5 (de
não-residentes no país). Maluf é
acusado pelo MPF de ter participado dessas negociações.
Segundo a legislação internacional de lavagem de dinheiro,
quando se comprova que o dinheiro depositado ilegalmente no
exterior é desviado dos cofres públicos, o país prejudicado tem direito de requerer a devolução de
toda a quantia. No Brasil, Maluf é
investigado por enriquecimento
ilícito, evasão de divisas, lavagem
de dinheiro, falsidade ideológica,
formação de quadrilha e corrupção passiva.
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