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Senador diz ter sofrido "vingança política"
ULISSES CAMPBEL
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O senador Jader Barbalho
(PMDB-PA) disse ontem que vai
perder o cargo de presidente do
Senado por conta de uma "vingança política". E nega que tenha
havido pressão para renunciar e
que tenha feito algum tipo de
acordo para abrir mão do cargo.
Jader afirmou que vai renunciar
na próxima terça-feira. Segundo o
senador, a decisão foi pessoal.
Quanto a uma possível cassação,
ele diz que abriria "precedentes
perigosos". Leia a seguir trechos
da entrevista.
Agência Folha - O sr. havia dito
que não renunciaria à presidência
do Senado. O que houve?
Jader Barbalho - As circunstâncias me orientaram nesse sentido
[dá uma risada".
Agência Folha - Quais?
Jader - A análise do quadro
atual. Na terça [18", renunciarei e
farei um discurso no plenário.
Agência Folha - O sr. vai atacar alguém?
Jader - Não pretendo. Vou falar
sobre o Senado. Concluí que o
melhor caminho para colaborar
com o Senado era esse.
Agência Folha - Que acordo foi
feito para o senhor deixar o cargo?
Jader - Não foi feito acordo algum. Essa história é ridícula. Não
há cabimento em imaginar um
acordo em que eu reassumiria de
surpresa, como ocorreu. Não
existe acordo tão secreto a ponto
de os interlocutores não saberem
que eu iria reassumir.
Agência Folha - Dizem que o sr.
fez um acordo para deixar o cargo
para preservar seu mandato. Houve alguma pressão nesse sentido?
Jader - Claro que não. A decisão
foi pessoal. Achei que a minha
permanência [no cargo" estava
comprometendo a instituição.
Achei que deveria renunciar. Eu
já vinha pensando sobre isso havia algum tempo.
Agência Folha - Na sua avaliação,
por que o sr. perdeu o cargo?
Jader - Por causa de uma vingança política. As pessoas que
acompanham o noticiário têm
certeza de que fui vítima de uma
vingança. Como diria o Nelson
Rodrigues: "É o óbvio ululante".
Agência Folha - O sr. conversou
com FHC sobre a sua renúncia?
Jader - Não. Quem conversou
com o presidente foi o Michel Temer. No entanto, a decisão foi
pessoal e surpreendeu a todos.
Agência Folha - Há possibilidade
de o sr. renunciar ao seu mandato?
Jader - Não, não. O mandato de
senador é meu. Já o Senado é uma
instituição coletiva, ou seja, não é
dirigida apenas por uma pessoa.
Agência Folha - Na sua previsão,
quem será o seu sucessor no cargo?
Jader - Não sei. Não defendo nenhum nome. Todos são companheiros merecedores da função.
Agência Folha - Como o sr. analisa o relatório que pede a abertura
de processo por quebra de decoro?
Jader - É uma peça de natureza
política, que não tem nenhuma
substância, nenhuma prova. Não
existe absolutamente nada. Foi
feito para cumprir todo o projeto
de vingança política.
Agência Folha - Esse relatório pode levar à sua cassação?
Jader - Espero que o bom senso
no Senado prevaleça. Até porque
os precedentes são muitos perigosos e, invariavelmente, eles têm a
mania de não parar.
Agência Folha - Quais são esses
precedentes perigosos?
Jader - Quando se resolve estabelecer vinganças políticas sem
nenhuma prova, tudo é possível.
Danton, quando estava indo para
a guilhotina, após um processo
eminentemente político, passou
pela casa de Robespierre, que estava na porta e havia sido o mentor de todo processo. Danton,
nesse momento, disse uma frase
sábia: "Atrás de mim, virás Robespierre". E não aconteceu diferente [Jader se refere a acontecimentos da Revolução Francesa".
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