São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em 2 meses, campanha petista gastou quase 4 vezes o total de 98

ANDRÉA MICHAEL
EM SÃO PAULO
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em dois meses de campanha oficial, o PT já contabilizou o custo preliminar do primeiro lugar de Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto para presidente: R$ 11,74 milhões, quase quatro vezes mais do que partido gastou na eleição passada de Lula, em 1998.
Essa proporção aumenta se o valor do contrato firmado com o publicitário Duda Mendonça for o apurado pela Folha -R$ 15 milhões- e não o informado pelo PT. Segundo o partido, Duda irá receber R$ 5 milhões apenas pela campanha de Lula.
Os R$ 15 milhões apurados pela reportagem correspondem ao "pacote fechado", que, além de Lula, inclui os programas de Benedita da Silva (governo do Rio), José Genoino (governo de São Paulo), Aloizio Mercadante (senador por São Paulo), José Dirceu e Vicentinho (deputados federais por São Paulo).
O suporte financeiro depende do desempenho de 20 arrecadadores comandados pelo goiano Delúbio Soares, tesoureiro da campanha presidencial do PT. A equipe visita 300 empresários a cada cinco dias úteis.
Soares quer "dinheiro novo" de arrecadações para gastar até R$ 36 milhões, que é a previsão de despesas para a campanha de Lula que o partido informou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O objetivo é preservar os recursos próprios para financiar as atividades partidárias de rotina.
Segundo Soares, o dinheiro para a pré-campanha (R$ 9 milhões) saiu dos cofres do Fundo Partidário, das contribuições dos 297 mil filiados e dos comissionados que trabalham nas prefeituras do PT e nos gabinetes de parlamentares.
Oficializada a chapa, em 29 de junho, o PT mostrou a que veio: manteve Duda Mendonça (autor dos três últimos programas eleitorais do PT) como marqueteiro da campanha, alugou um comitê de três andares, recheou de estrelas sua equipe-pelo menos 280 pessoas, entre o comitê, a produtora de Duda e as coordenações estaduais-, turbinou a agenda de viagens em jatinhos e iniciou a maior produção de material promocional da história do PT.
"Há dois elementos que fazem muita diferença: poder viajar e ter uma estrutura profissional de produção para os programas", afirma Gilberto Carvalho, responsável pela agenda de Lula.
O quesito material é tratado com reservas pelo partido, e poucos foram os itens de consumo informados à reportagem. A Folha consultou fornecedores que, mesmo sem revelar o volume de suas vendas, são unânimes em dizer que o PT de 2002 optou por mercadoria de maior qualidade.
Entre os produtos de ponta está o "megabunner", um adereço feito em plástico grosso de quatro metros de altura por um metro e quarenta centímetros de largura. Custa cerca de R$ 300 a unidade colocada. "É uma peça cara, mas de retorno visual indiscutível", diz Carlos Cartegoso, da Ponto Focal, fornecedor do PT.
"O PT cresceu", diz Soares ao explicar o aumento de gastos eleitorais. Em 98, exemplifica, o orçamento anual do Diretório Nacional era de R$ 4 milhões. Em 2001, passou para R$ 16,9 milhões; e este ano para R$ 20 milhões. Nesse período, o número de prefeituras administradas pelo PT aumentou de 107 para 187. Entre 94 e 98, a bancada de deputados federais saltou de 48 para 59 -e estima-se que chegará a 75.


Texto Anterior:

ELEIÇÕES 2002/PRESIDENTE
Sucessão já custou R$ 37 mi a Lula, Serra, Ciro e Garotinho

Próximo Texto: Tucano deu uma volta ao mundo de jatinho e gastou R$ 16 milhões
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.