São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002

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Tucano deu uma volta ao mundo de jatinho e gastou R$ 16 milhões

WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dá para ir a pé. Sem pagar nada. Do Senado ao Palácio do Planalto, não são nem 500 metros. Mas, para tentar chegar lá como presidente, o senador José Serra já deu uma volta ao mundo em viagens de jatinho durante os dois primeiros meses da campanha.
Sua estimativa de gastos até o momento está em R$ 16,26 milhões com jatinho e demais despesas da corrida eleitoral.
Em dois meses de campanha, desse valor, cerca de R$ 11,76 milhões já estão gastos ou comprometidos, computando-se aí metade das despesas previstas com contratos de rádio e TV, estimadas em R$ 9 milhões no total.
Do dia 6 de julho, quando a campanha foi oficialmente inaugurada, até 6 de setembro, o tucano passou 60 horas no ar, voando 54 mil quilômetros. Ao menos, já venceu a circunferência da Terra, que é de 40 mil quilômetros.
Usou um avião Beachcraft, de seis lugares, alugado à Líder Táxi Aéreo. Pelo preço médio de mercado, já gastou R$ 450 mil.
Os gastos parciais da candidatura José Serra foram levantados pela Folha na última semana a partir de informações prestadas informalmente por funcionários dos comitês de Brasília e de São Paulo e das empresas contratadas.
O advogado Milton Seligman, ordenador das despesas, negou-se a falar sobre o assunto.
O serviço mais caro é a produção dos programas de TV. Duas empresas, a Teleimage e a GW Comunicações, fazem imagens, entrevistas e a edição dos programas, sob a supervisão do marqueteiro Nizan Guanaes.
Os serviços da Teleimage e da GW sairão, para toda a campanha, por cerca de R$ 8 milhões. Metade disso, R$ 4 milhões, já teria sido gasto.
O programa de rádio, a cargo da empresa Nosso Estúdio, sairá por R$ 1 milhão até o final da campanha. Até agora, metade já estaria comprometida.

Cachê
A transformação do palanque de Serra em palco para artistas famosos também tem saído caro. O cantor Leonardo, que já teve duas aparições, cobra R$ 100 mil por showmício. A dupla Chitãozinho e Xororó, com quatro espetáculos, R$ 75 mil por evento. E o trio KLB, que também se apresentou quatro vezes, faturou R$ 50 mil em cada uma.
Dois comitês, um em São Paulo e outro em Brasília, abrigam os 180 funcionários contratados diretamente pela campanha, que recebem mensalmente R$ 700 mil em salários. Não estão nessa conta os 17 jornalistas contratados que recebem R$ 250 mil mensais.
Nas ruas, a campanha tem sido pobre em camisetas e bonés, material considerado mais caro e que está sob o controle da produtora Bia Aydar. O comitê decidiu concentrar os gastos nos 2.100 outdoors espalhados pelo país, que custam aproximadamente R$ 875 mil a cada 15 dias, período em que os contratos são renovados com as empresas de propaganda.
Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Serra informou que gastaria, no máximo, R$ 60 milhões na eleição. Como seu caixa andou à mingua, as despesas maiores deverão se concentrar na reta final da campanha e, se houver, no segundo turno. A expectativa de quem libera pagamentos no comitê tucano é que a eleição custe cerca de R$ 40 milhões, quase o mesmo declarado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1998 (R$ 43,5 milhões).


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