São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002

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Campanha de Garotinho depende de doações de empresários evangélicos

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Não fossem as contribuições extra-oficiais de empresários evangélicos, a campanha do presidenciável do PSB, Anthony Garotinho, se resumiria a um périplo simples pelo Estado do Rio, como se fora candidato ao governo.
Contudo, a estimativa oficial da campanha, de R$ 2,3 milhões, pode até triplicar caso o candidato continue na tímida escalada para o segundo lugar.
"É a lógica cruel: quanto melhor nas pesquisas, mais verba injetada", afirmou um dos coordenadores da campanha.
Mesmo triplicado, o valor está longe das cifras oficiais divulgadas pelos outros candidatos. Mas a coordenação da campanha acredita que o grande trunfo, o poder de comunicação do candidato, "não se compra com marqueteiro de elite".
Para os coordenadores, o calcanhar-de-aquiles é o que não se pode mudar: o pouco tempo que o candidato tem na TV e no rádio para usar o propagandeado trunfo eleitoral. Já o dinheiro, eles acreditam, virá conforme o crescimento nas pesquisas.
Desde que deixou o governo do Rio, em abril, para disputar a eleição, o presidenciável depende dos evangélicos até para o pagamento de despesas domésticas.
Eles não aparecem como financiadores ostensivos e, explicitamente, negam que façam doação de dinheiro.
A ajuda vem por meios alternativos, como a organização de shows de música gospel, que atraem público para Garotinho, e a distribuição de kits com material de propaganda do candidato, como marcadores de Bíblia.
A queda de Garotinho nas pesquisas eleitorais no primeiro mês de campanha tinha levado os evangélicos a diminuírem os recursos. Garotinho começou a usar recursos da campanha da mulher, Rosinha, para o governo do Rio. Além disso, criou o "bônus" de R$ 1 que, até agora, segundo a assessoria do candidato, arrecadou quase R$ 20 mil.
Sem dinheiro para viajar,o ex-governador passou quase os dois últimos meses no Rio. Só nas duas últimas semanas Garotinho retomou as viagens.

Novo ânimo
A subida nas pesquisas reanimaram os empresários evangélicos, que começaram a voltar a investir com intensidade na campanha. Há duas semanas, em Brasília, Garotinho participou de um jantar fechado com 200 empresários da Adhonep (Associação dos Homens de Negócio do Evangelho Pleno).
Os fretamento dos jatinhos e helicópteros para as viagens das próximas semanas já estão garantidos. Além, é claro, da estrutura para as carreatas nas cidades que o candidato irá visitar.
Na região metropolitana de Belo Horizonte, esta semana, a van que transportava Garotinho tinha o logotipo da campanha no vidro e, nas portas, estava escrito: "Igreja Batista Getsêmani".
A assessoria do presidenciável afirma não ter controle do número de viagens que o candidato fez desde 6 de julho, início oficial da campanha.
Em estimativa feita pela Folha, foram 42 viagens, principalmente concentradas no Sudeste, especialmente Minas e São Paulo.
A reportagem levantou que o custo das viagens até agora foi de cerca de R$ 300 mil. Garotinho costuma viajar com a equipe em jato Lear Jet, em bimotor King Air e, algumas vezes, em helicóptero Bell. O fretamento de um Lear Jet para o trecho ida e volta São Paulo-Belo Horizonte, por exemplo, custa em média R$ 11 mil.


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