São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002

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Candidato só visita Estados onde aliados bancam 100% da estrutura dos comícios

Improvisação e escassez marcam campanha de Ciro

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo ritmo dos gastos até agora, a campanha de Ciro Gomes deverá custar bem menos que o gasto máximo de R$ 25 milhões declarado ao Tribunal Superior Eleitoral no registro da candidatura. Mas bem mais do que o valor gasto por Ciro na eleição presidencial de 1998: R$ 1 milhão.
Até agora, em dois meses de campanha, a estimativa de gastos está em R$ 6,68 milhões. Esse valor inclui os R$ 2,5 milhões com publicidade até o final do primeiro turno -em 6 de outubro-, daqui a três semanas.
No início da campanha, Ciro deu prioridade às visitas aos Estados, para consolidar os apoios recém-chegados ou valorizar os antigos aliados. Desde o dia 6 de julho até a primeira semana de setembro, o candidato percorreu 86.230 quilômetros -o equivalente a duas voltas em torno da Terra.
A improvisação e a escassez de recursos são marcas da campanha de Ciro Gomes, segundo seus organizadores. O seu programa eleitoral na televisão é modesto, sem grandes recursos técnicos e sem a presença de artistas contratados. A cúpula da campanha diz que não há dinheiro para shows.
Para reduzir custos, os organizadores decidiram, segundo eles, que Ciro só visita Estados onde os aliados oferecem 100% da estrutura dos comícios.
O candidato da Frente Trabalhista está viajando num jatinho Cittation 3, prefixo PT-LHC, emprestado pelo empresário Benjamin Steinbruch, presidente do Conselho de Administração da Companhia Siderúrgica Nacional. O custo total das viagens será registrado como doação de campanha pelo empresário.
Pela quilometragem percorrida, o custo até agora ficaria em R$ 600 mil -ou R$ 900 mil até o final do primeiro turno. Na última semana, devido a problemas técnicos no jatinho, Ciro precisou alugar uma aeronave da TAM para cumprir seus compromissos.
Ciro fez 106 viagens, visitando 61 cidades diferentes em 19 Estados. Priorizou a região Sudeste. Esteve 19 vezes em São Paulo (SP), onde grava os programas eleitorais, 15 vezes no Rio de Janeiro e 5 vezes em Belo Horizonte. Visitou 8 cidades do interior de São Paulo e 12 do interior de Minas.
Desde o início do programa eleitoral gratuito, Ciro passou a ficar mais tempo em São Paulo. Grava os programas durante dois ou três dias da semana. Os gastos com publicidade -contratação do publicitário Einhart Jácome Paz, equipe de publicitários, aluguel de estúdio e de equipamentos)- ficarão em torno de R$ 2,5 milhões.
Parte das informações sobre os custos da campanha e o número de profissionais contratados foi fornecida pelo comando da campanha de Ciro. Outra parte foi calculada a partir de custos unitários informados por integrantes do comando.

Comitê
O comitê central de Ciro foi instalado num prédio de dois andares no Centro de Indústrias Gráficas de Brasília. Lá trabalham 17 funcionários assalariados e mais 32 cedidos pelos partidos políticos. Esses últimos são pagos pelos partidos. O aluguel do prédio custará R$ 40 mil mensais.
O custo do material impresso -cartazes, banners, santinhos, camisetas- ficará em torno de R$ 2 milhões, segundo apurou a Folha. Parte do papel é doado por grandes e médias indústrias de celulose. Outras empresas pagam o custo de gráficas e registram como doação. O comitê de campanha também paga parte do serviço das gráficas.
O aluguel do espaço para cada outdoor custa R$ 300 por 15 dias. Assim, cada outdoor custará cerca de R$ 1.500 no período de dois meses, incluindo o material. O comando da campanha pepessista planejava colocar 2.000 outdoors, mas trabalha com a instalação de apenas mil.
O coordenador nacional da campanha, deputado Walfrido Mares Guia (PTB-MG), afirma que a campanha está sendo modesta porque as doações são escassas. "Não temos show do Chitãozinho e Xororó, Elba Ramalho. Cada show custa R$ 100 mil", disse. Segundo ele, os shows dos comícios de Ciro, com artistas menos famosos, são pagos pelos aliados nos Estados.
Mares Guia afirmou que os gastos estão sempre na frente da entrada dos recursos. Muitas despesas são feitas graças ao aval de membros do comando da campanha. "Mas em toda campanha é assim. No final, entra todo o recurso necessário."


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