PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita Marta Suplicy (PT) assumiu ontem a guinada na propaganda de sua campanha à reeleição e disse que "está na hora de parar de fazer mea-culpa na saúde". Ao mesmo tempo, voltou a fazer ataques diretos a José Serra (PSDB) e ao governo estadual, em sintonia com sua nova estratégia.
"Está na hora de eu parar de fazer mea-culpa na saúde, porque, se alguém tem de fazer mea-culpa na saúde, são o ex-ministro da Saúde [Serra] e o governo do Estado, que mantém os hospitais e o atendimento na condição que mantém, sem nenhum motivo, porque [os tucanos] estão lá o dobro do tempo que eu estou e nunca receberam o PAS do jeito que eu recebi", disse Marta, após evento em escola de formação de adultos na Mooca (zona leste de São Paulo).
Em mais um indicativo de que a campanha sofreu uma inflexão, disse que "está na hora de colocar os pontos nos is", ao falar das críticas a Serra. Explicou: "A gente não pode ficar só apanhando, ouvindo muitas leviandades, às vezes mentiras plenas, e ficar em silêncio. Alguma hora tem de se colocar os pontos nos is e é isso que estou fazendo".
Ontem, em um desses "pontos nos is", a propaganda petista levou ao ar dados da ONU que mostrariam que a saúde piorou quando Serra foi ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso (95-02).
De acordo com aliados da campanha petista, também devem ser usadas informações apontando uma piora da economia quando o tucano era ministro do Planejamento de FHC.
Está em estudo, também, levar para a TV o questionamento sobre o compromisso de Serra de continuar com os CEUs (Centros Educacionais Unificados) e com as farmácias populares.

"Ridicularização"
Marta também rebateu as acusações dos tucanos de que sua principal proposta para um próximo mandato, o CEU-Saúde, é marketing eleitoral. "Ficam ridicularizando, dizendo que é maquete. Vocês acham que eu ia dar a cara para bater na televisão se não pudesse fazer o CEU-Saúde? Foi planejado", afirmou.
Mais cedo, Marta já havia criticado o governo estadual, comandado por Geraldo Alckmin (PSDB), por "dificultar" o acesso aos dados do Infocrim (base de dados informatizada das ocorrências policiais no Estado). O governo nega. À tarde, a prefeita disse também ser favorável à municipalização da segurança, na área da prevenção.
À noite, foi falar em uma faculdade na zona leste, onde recebeu vaias e aplausos dos alunos.


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