São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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A CENA

Faltam vibração e tônus a Serra

PASCOAL DA CONCEIÇÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando o ator não erra todo mundo perde. Em cena o que vale é o risco, o vexame, o engasgo, o "ao vivo" da vida.
A atuação de Serra é lógica, sensata, mas a gente não fica satisfeito com o espetáculo. Falta vibração, o tônus da cena, a sonolência domina. São espetáculos em que ninguém se escuta, nada acontece, todos aplaudem e vão embora.
Ao Serra falta escuta, ouvir sua fala e a fala dos interlocutores. Tudo está tão bem ensaiado que sufoca a criação.
Os melhores momentos de Serra são suas alterações de humor, mas ontem elas não apareceram, para prejuízo do espetáculo.
Por que é o primeiro lugar do momento, José Serra age como um ator fazendo palestra sobre o seu trabalho de ator, tudo muito previsível: fala de si mesmo com parcimônia, defende-se suavemente, aceita as críticas, sempre é solícito. Pode ser bom para a política. No teatro é um fracasso de público.


Pascoal da Conceição, 50, ator, está em cartaz com a peça "Tarsila"


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