São Paulo, sábado, 15 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Oposição usa "fator Renan" para pressionar contra CPMF

Líder do Planalto fala em fazer "milagre'; tucano diz que será necessário "outro mensalão"

No Senado, base aliada precisa do apoio da oposição para conseguir aprovar a prorrogação até 2011 do "imposto do cheque"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Depois de salvar o mandato do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), líderes da base do governo na Casa intensificaram a ofensiva para vencer a resistência da oposição em aprovar a prorrogação da CPMF até 2011.
Ontem a costura por um acordo ganhou força. O nome da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) como relatora na Comissão de Constituição e Justiça era dado como certo.
Sem a oposição, a matéria não passa. São necessários 49 votos para aprová-la. No papel, a oposição (DEM, PSDB e PSOL) soma 31 votos. E, em outros partidos da própria base, como PMDB e PDT, vários senadores já se disseram contra.
A avaliação dos governistas é que a negociação para conseguir emplacar a prorrogação do imposto será árdua. "Vai ter que ser feito o milagre da multiplicação dos votos", ironizou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Outro agravante é a permanência de Renan na presidência. "Estou disposto a votar contra até por causa disso", disse Pedro Simon (PMDB-RS), que é contra a CPMF. "Eles vão comprar a alma das pessoas."
Na oposição, PSDB (13 senadores) e DEM (17 senadores) anunciaram resistência à CPMF. "Não tem negociação nenhuma. Temos uma posição contrária, é questão fechada no partido", disse o líder do DEM, José Agripino Maia (RN).
Mas os tucanos admitem negociá-la se o governo oferecer alternativa de desoneração. "Só passa se fizerem outro mensalão. A alternativa é o governo reduzir a carga tributária e a gastança", disse Sérgio Guerra (PSDB-PE). "Se o governo fizer um aceno com desoneração de igual proporção, podemos conversar", afirmou o líder tucano, Arthur Virgílio (AM).
O senador Tasso Jereissati, presidente nacional do PSDB, afirmou que o partido vai obstruir a discussão da CPMF enquanto Renan estiver no cargo. Segundo o cearense, ainda que ele se licencie, os tucanos votarão contra. "Vamos demonstrar toda a fraqueza da argumentação da CPMF e de um governo cujo partido foi o grande responsável por essas estratégias montadas na sessão secreta [de cassação de Renan]".
Tasso foi o anfitrião de um seminário do PSDB em Fortaleza que teve a presença de José Serra -o governador paulista afirmou que a prorrogação ainda está em discussão e que a bancada irá se pronunciar.
A previsão é que a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) chegue ao plenário do Senado entre o fim de outubro e o início de novembro. Antes, passará pela CCJ, onde tem que ser aprovada por maioria simples.
Se confirmada na relatoria, Kátia Abreu deve elaborar parecer contrário à prorrogação. A estratégia do governo é apresentar requerimento dando preferência à proposta original, que sairá da Câmara. Ou apresentar relatório alternativo.
A proposta que amplia a vigência do "imposto do cheque" foi aprovada na madrugada de ontem em comissão especial da Câmara. O presidente da Casa, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), tentará votá-la em plenário na próxima semana. Na Câmara, a bancada de oposição é mais enxuta. A CPMF rende cerca de R$ 36 bilhões por ano aos cofres públicos.
(SILVIO NAVARRO, FERNANDA KRAKOVICS e KAMILA FERNANDES)

Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Peemedebista e sua mulher deixam Brasília
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.