|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula deve discutir licença e CPMF com Renan
Ministros aconselham o presidente a pressionar por saída; aliados do peemedebista dizem que ele não pretende aceitar o pedido
Encontro dos dois deverá acontecer na terça-feira; Planalto também tentará negociar imposto com os governadores da oposição
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Renan Calheiros
(PMDB-AL) se reunirão na terça-feira e devem tratar de uma
estratégia de aprovação da
CPMF e da eventual licença do
presidente do Senado. Ministros aconselham Lula a insistir
na hipótese de licença temporária, algo como 30 dias, para
facilitar negociação com a oposição para prorrogar o imposto
do cheque até o fim de 2011.
A Folha apurou que Lula encontrará um Renan disposto a
tentar ficar no cargo e que deverá cobrar a fatura do apoio
político dado ao governo e ao
PT no escândalo do mensalão.
Na segunda-feira, Lula fará
reunião com seus principais
ministros para discutir os próximos passos do governo na
crise do Senado. A Folha apurou que o presidente do Senado
já pediu para ter a conversa
com o presidente da República.
Depois de ter tido ação decisiva no salvamento de Renan, o
governo e o PT desejavam que
ele se licencie. Na quinta, Renan recusou essa possibilidade
em conversas com mensageiros do governo. Agora, ministros como Dilma Rousseff (Casa Civil) e Walfrido dos Mares
Guia (Relações Institucionais)
avaliam que somente um pedido de Lula, olho no olho, poderia persuadir Renan. E o presidente do Senado espera, nesse
encontro sem intermediários,
convencer Lula de que seria
melhor apostar na sua permanência no cargo.
A Folha apurou que Lula já
disse a um ministro que não
pode obrigar Renan a deixar o
posto. Em conversa reservada
na quinta, quando foi dito a Renan que Lula desejava sua licença, ele respondeu: "Pedir isso é o mesmo que ter pedido
para o presidente se licenciar
no mensalão. Um absurdo".
No auge do escândalo do
mensalão, Renan integrou com
o então presidente da Câmara e
seu amigo, Aldo Rebelo (PC do
B-SP), a linha de frente de proteção política a Lula e ao governo. Renan diz hoje que, em nenhum momento, cogitou sugerir a Lula uma licença, mas se
alinhou com ele para a guerra
política contra a oposição.
No cronograma político de
Renan, há tempo para tentar
viabilizar a aprovação da
CPMF. Se falhar a operação, a
licença poderia ser analisada
como uma "última alternativa", diz um senador amigo do
presidente do Senado.
A emenda constitucional de
prorrogação da CPMF tramita
na Câmara. No cenário mais
rápido, ela deverá começar a
tramitar no Senado daqui a três
semanas. Até lá Renan teria o
período de teste da recuperação de sua liderança política.
Nesse período, Lula pretende negociar com governadores
da oposição, sobretudo do
PSDB, para que pressionem
seus partidos a apoiar a CPMF.
O governador de São Paulo, o
tucano José Serra, tem demonstrado preocupação com
eventuais alterações na CPMF.
Não quer, por exemplo, redução da alíquota de 0,38%.
Serra avalia que, se o governo
perder recursos da CPMF, vai
obviamente reduzir repasses
aos Estados antes de cortar na
própria carne.
Texto Anterior: Peemedebista e sua mulher deixam Brasília Próximo Texto: Governo quer votar CPMF na Câmara na 4ª Índice
|