São Paulo, sábado, 15 de setembro de 2007

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Lula deve discutir licença e CPMF com Renan

Ministros aconselham o presidente a pressionar por saída; aliados do peemedebista dizem que ele não pretende aceitar o pedido

Encontro dos dois deverá acontecer na terça-feira; Planalto também tentará negociar imposto com os governadores da oposição

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Renan Calheiros (PMDB-AL) se reunirão na terça-feira e devem tratar de uma estratégia de aprovação da CPMF e da eventual licença do presidente do Senado. Ministros aconselham Lula a insistir na hipótese de licença temporária, algo como 30 dias, para facilitar negociação com a oposição para prorrogar o imposto do cheque até o fim de 2011.
A Folha apurou que Lula encontrará um Renan disposto a tentar ficar no cargo e que deverá cobrar a fatura do apoio político dado ao governo e ao PT no escândalo do mensalão.
Na segunda-feira, Lula fará reunião com seus principais ministros para discutir os próximos passos do governo na crise do Senado. A Folha apurou que o presidente do Senado já pediu para ter a conversa com o presidente da República.
Depois de ter tido ação decisiva no salvamento de Renan, o governo e o PT desejavam que ele se licencie. Na quinta, Renan recusou essa possibilidade em conversas com mensageiros do governo. Agora, ministros como Dilma Rousseff (Casa Civil) e Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) avaliam que somente um pedido de Lula, olho no olho, poderia persuadir Renan. E o presidente do Senado espera, nesse encontro sem intermediários, convencer Lula de que seria melhor apostar na sua permanência no cargo.
A Folha apurou que Lula já disse a um ministro que não pode obrigar Renan a deixar o posto. Em conversa reservada na quinta, quando foi dito a Renan que Lula desejava sua licença, ele respondeu: "Pedir isso é o mesmo que ter pedido para o presidente se licenciar no mensalão. Um absurdo".
No auge do escândalo do mensalão, Renan integrou com o então presidente da Câmara e seu amigo, Aldo Rebelo (PC do B-SP), a linha de frente de proteção política a Lula e ao governo. Renan diz hoje que, em nenhum momento, cogitou sugerir a Lula uma licença, mas se alinhou com ele para a guerra política contra a oposição.
No cronograma político de Renan, há tempo para tentar viabilizar a aprovação da CPMF. Se falhar a operação, a licença poderia ser analisada como uma "última alternativa", diz um senador amigo do presidente do Senado.
A emenda constitucional de prorrogação da CPMF tramita na Câmara. No cenário mais rápido, ela deverá começar a tramitar no Senado daqui a três semanas. Até lá Renan teria o período de teste da recuperação de sua liderança política.
Nesse período, Lula pretende negociar com governadores da oposição, sobretudo do PSDB, para que pressionem seus partidos a apoiar a CPMF. O governador de São Paulo, o tucano José Serra, tem demonstrado preocupação com eventuais alterações na CPMF. Não quer, por exemplo, redução da alíquota de 0,38%.
Serra avalia que, se o governo perder recursos da CPMF, vai obviamente reduzir repasses aos Estados antes de cortar na própria carne.


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