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Dinheiro da Vale domina campanha no Piauí
Em Capitão Gervásio, candidatos fazem planos com tributos pagos pela empresa para explorar níquel
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A
CAPITÃO GERVÁSIO OLIVEIRA (PI)
Os dois candidatos a prefeito
de Capitão Gervásio Oliveira,
no sudeste do Piauí, a 557 km
de Teresina, disputam para exibir ao eleitor qual deles saberá
administrar melhor o "boom"
que a microscópica economia
local experimentou nos últimos cinco anos.
Significa investir no município o dinheiro de impostos e
contribuições pela exploração
de níquel pagas pela gigante
mineradora Vale do Rio Doce.
Graças a esse dinheiro, Capitão Gervásio foi a cidade brasileira que mais avançou no índice de desenvolvimento municipal criado pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do
Rio de Janeiro), medido a partir de variáveis de emprego e
renda, educação e saúde.
Em 2000, ocupava a última
colocação no ranking nacional.
Cinco anos depois, não apenas
obteve o maior avanço percentual (237,8%), como deixou para trás outros 396 municípios.
Tanto José Filho (PSB), candidato à reeleição, como Agapito Coelho (PSDB), prefeito entre 1997 e 2004, falam na criação de cursos de capacitação,
investimento em educação,
construção de um hospital municipal e, antes disso, na solução urgente de problemas básicos, como o bombeamento de
água ao menos para a zona urbana (o único hotel da cidade,
por exemplo, depende de carro-pipa) e o tratamento do esgoto escoado diretamente para
o principal reservatório local.
O tucano tem idéias megalomaníacas, como a construção
de um aeroporto para receber
executivos da Vale. Já o candidato à reeleição sorri de orelha
a orelha quando fala na expectativa de recursos obrigatórios
a serem repassados pela mineradora. "O dinheiro do FPM vai
virar troco", diz o prefeito, que,
no passado, recebeu R$ 2,5 milhões do Fundo de Participação
dos Municípios, o mesmo valor
recebido nos últimos três anos
só de ISS pagos pela Vale.
A expectativa na pequena cidade piauiense é de que a usina
de níquel seja instalada até o
fim de 2009, com o início da exploração em 2010. A estimativa
é de um potencial de exploração de 81 milhões de toneladas
de níquel, a serem retiradas nos
próximos 30 anos.
A Vale montou um acampamento no município em 2003,
a princípio para pesquisas. Em
2007, com a concessão de lavra
do Departamento Nacional de
Produção Mineral, instalou
usina-piloto e ampliou a contratação de moradores, que ganham entre R$ 415 e R$ 1.000.
NA INTERNET
http://campanhanoar.folha.blog.uol.com.br
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