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SÃO PAULO
Ex-ministro da Justiça acusou governador paulista de fazer "forte lobby" para favorecer empresas
Brindeiro pede ação contra Calheiros
da Sucursal de Brasília
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, pediu ao
STF (Supremo Tribunal Federal)
que abra um processo contra o
ex-ministro da Justiça Renan Calheiros por crime de calúnia contra o governador de São Paulo,
Mário Covas.
A denúncia está embasada em
reportagem da Folha, de 26 de setembro último, na qual Calheiros
afirmou que Covas, o filho Mário
Covas Neto e o secretário de Ciência e Tecnologia de São Paulo, José Aníbal, fariam parte de "forte
lobby" para beneficiar empresas
paulistas no governo federal.
Para abrir o processo, o STF
precisará da licença do Senado,
porque Calheiros está exercendo
o mandato parlamentar.
Desde que deixou o cargo de
ministro, na última reforma ministerial, em julho, o senador do
PMDB de Alagoas vinha fazendo
acusações contra o governador de
São Paulo.
Para Brindeiro, Calheiros acusou Covas de promover "advocacia administrativa", crime previsto no Código Penal que consiste
em "patrocinar direta ou indiretamente interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário".
Caluniar uma pessoa significa
responsabilizá-la por um fato definido como crime.
Como o delito da calúnia teria
ocorrido por meio de uma reportagem, o procurador recomenda
que Calheiros seja enquadrado na
Lei de Imprensa.
O ex-ministro dissera que,
quando estava no cargo, revogou
uma licitação para emissão de
passaportes para impedir "que
uma construtora paulista (Tejofran), ligada ao governador, emitisse os passaportes brasileiros".
Segundo Calheiros, essa empresa seria "a principal financiadora
(da campanha) de Covas" e uma
das beneficiadas pelo suposto
lobby no governo federal.
Na reportagem, o ex-ministro
também afirmou: "Seu comitê
(da campanha pela reeleição)
funcionava em um imóvel da
construtora (Tejofran), e o mercado aposta que as ligações são
mais íntimas do que imaginamos,
que eles seriam uma espécie de
sócios ocultos".
Outras empresas acusadas de
serem favorecidas pelo suposto
lobby foram a Power e a Gocil,
ambas do setor de vigilância privada.
Segundo Calheiros, elas e a Tejofran seriam "felizes empresas
do poderoso português Antônio
Dias Felipe, amigo íntimo, compadre e principal financiador do
governador".
Na época, Covas entrou com
uma interpelação judicial contra
Calheiros e, no último dia 30, entregou uma representação na
Procuradoria Geral da República
pedindo a abertura de processo
penal por calúnia e difamação.
O secretário de Ciência e Tecnologia de São Paulo, José Aníbal,
negou as acusações de Calheiros e
também havia manifestado intenção de processar o ex-ministro
da Justiça pelas declarações. O
empresário Antônio Dias Felipe
também negou as acusações.
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