São Paulo, Sexta-feira, 15 de Outubro de 1999
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CRIME ORGANIZADO
Pistoleiro revelou trama a irmão de PC
"Salvador" de Farias está preso por roubo

MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio


O pistoleiro Maurício Novaes, apontado pelo deputado Augusto Farias (PPB-AL) como ""o homem que salvou e a quem deve" a sua vida, foi condenado em Porto Real do Colégio (AL) por roubo de carga.
Conhecido como Chapéu de Couro, o pistoleiro foi preso em janeiro de 1999 devido a um assalto a mão armada em que foi levado, em 1994, um carregamento de peças de automóveis.
Segundo o juiz Durval Mendonça Júnior, de Porto Real do Colégio, Chapéu de Couro foi indiciado num inquérito em Arapiraca (AL) que apurou crimes da "gangue da carga pesada", que roubava carregamentos de caminhões.
Augusto Farias negou em depoimento à CPI do Narcotráfico, na semana passada, conhecer ou ter algum tipo de relacionamento com ladrões de carga.
O motorista Jorge Meres Alves de Almeida dissera à CPI que Farias é sócio do ex-deputado acreano Hildebrando Pascoal numa quadrilha dedicada ao roubo de cargas e ao narcotráfico.
Farias diz ter conhecido Chapéu de Couro em novembro de 1998, quando o pistoleiro o procurou para avisar que tinha sido contratado pelo então deputado Talvane Albuquerque para assassiná-lo.
Após gravar conversas entre o pistoleiro e Talvane, Farias passou a se proteger. Não avisou a nenhum colega eleito para a Câmara, embora Chapéu de Couro lhe tivesse dito que a motivação de Talvane, suplente, era matar um deputado para obter a vaga.
No dia 16 de dezembro, a deputada Ceci Cunha (PSDB-AL) foi morta. Em 1999, Talvane foi cassado e teve a prisão decretada sob acusação de ser o mandante.
""Tudo o que eu tenho na vida eu devo a esses homens", disse em dezembro Farias, referindo-se a Chapéu de Couro e ao policial militar conhecido em Alagoas como soldado Farias. Os dois o teriam avisado sobre a trama de Talvane.
Pelo roubo de carga, Chapéu de Couro foi condenado a 15 anos de prisão, que ele cumpre em Maceió. Seus advogados recorreram.
Farias reafirmou, por meio de um assessor, que não tem contato ""com esse tipo de negócio".


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