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ORÇAMENTO
Para PFL e PSDB, governo privilegia cidades e Estados geridos por aliados
Oposição barra liberação de R$ 1 bi de créditos ao governo
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Os partidos de oposição impedem no Congresso há três semanas a aprovação de créditos suplementares que destinam cerca de
R$ 1 bilhão ainda neste ano para
aliviar a crise financeira que paralisa setores do governo.
A última ação da oposição
aconteceu ontem, quando PSDB e
PFL derrubaram a sessão da Comissão de Orçamento que poderia votar os créditos. Nova sessão
foi marcada para hoje à tarde,
mas tucanos e pefelistas prometem derrubá-la novamente.
A alegação da oposição é que o
governo tem privilegiado Estados
e municípios governados por partidos da base governista, principalmente a cidade de São Paulo.
Além disso, senadores oposicionistas querem ter direito a apresentar mais emendas no Orçamento de 2004. Líderes do governo negam que haja benefício a
São Paulo e consideram descabida a intenção dos senadores.
Ainda ontem, a oposição impediu que a Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado autorizasse um empréstimo de R$ 493
milhões do BNDES para a cidade
de São Paulo investir em transportes (leia texto na pág. A5).
Há na Comissão de Orçamento
seis projetos de créditos suplementares enviados pelo Executivo prontos para serem votados,
totalizando R$ 965 milhões. O dinheiro desses créditos já está disponível no caixa da União e precisa apenas da autorização do Congresso para ser utilizado em órgãos que sofrem com a falta de
verbas. A origem dos créditos é
remanejamento de verbas e excesso de arrecadação.
O maior dos créditos, de R$ 376
milhões, é reservado para que os
bancos oficiais façam operações
de crédito avalizadas pelo Ministério da Fazenda. Outro, de R$
270 milhões, será utilizado pelo
Ministério da Educação custear
universidades federais.
A Saúde tem um crédito de R$
229 milhões para ser usado pela
Fundação Nacional de Saúde, que
tem entre suas atribuições o combate a endemias. Há ainda recursos para Ciência e Tecnologia, Esporte, Turismo, Cultura, Minas e
Energia, Transportes, Comunicações e para a Justiça Federal.
Votação
Após a aprovação pela comissão, os créditos precisam ser votados em uma sessão conjunta do
Congresso antes de serem promulgados. Só aí os recursos podem ser usados. O líder do PFL na
Câmara, José Carlos Aleluia (BA),
confirma que o principal motivo
para a obstrução é o privilégio dado aos governos do PT e de seus
aliados. Afirma que Rio de Janeiro e Salvador, dirigidos por pefelistas, recebem proporcionalmente menos recursos do que São
Paulo, da petista Marta Suplicy.
Além disso, os oposicionistas
não concordam com a distribuição das relatorias do Orçamento
de 2004, proporcional às bancadas atuais. Querem que o critério
utilizado seja o da bancada eleita,
o que beneficiaria PFL e PSDB.
Por fim, senadores desses partidos querem apresentar no próximo Orçamento mais do que os R$
2 milhões em emendas que cada
parlamentar tem direito.
Líder do PT na Comissão de Orçamento, Carlito Merss (SC) rebate as críticas de Aleluia: "Não há
benefício para a Marta nem para
nenhum governo aliado. O contingenciamento do Orçamento é
para todos". Diz ainda que os critérios de divisão das relatorias é o
mesmo utilizado no governo anterior. E que o governo não aceitará o pleito por mais emendas.
Nova tentativa de votar os créditos será feita hoje. Mas, se não
houver acordo, é improvável que
ocorra a votação, pois é difícil o
governo atingir o quórum necessário em uma comissão mista que
reúne senadores e deputados.
Colaborou RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília
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