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ORÇAMENTO
Senadores dizem que São Paulo extrapolou limite de endividamento, e decisão sobre crédito do BNDES é adiada
PSDB e PFL obstruem empréstimo a Marta
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Senadores do PFL e do PSDB
impediram que a CAE (Comissão
de Assuntos Econômicos) do Senado aprovasse ontem operação
de crédito interno da Prefeitura
de São Paulo com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), no valor de
R$ 493,8 milhões, para a segunda
etapa do Programa de Implantação do Sistema Integrado de
Transporte Urbano de Passageiros no município.
Para pefelistas e tucanos, a prefeitura petista está tendo tratamento privilegiado da União, já
que o município extrapolou o limite de endividamento fixado
por resolução do próprio Senado.
Por causa das reações contrárias, a CAE adiou a votação e
aprovou audiência com o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim
Levy, e o presidente do BNDES,
Carlos Lessa, na próxima terça-feira, para prestarem esclarecimentos sobre a operação.
""Os dois terão de explicar o claríssimo privilégio que a proposta
contém", afirmou o líder do PFL,
José Agripino (RN). A audiência
foi proposta pelos senadores
Efraim Morais (PFL-PB), líder da
minoria, e Jorge Bornhausen
(PFL-SC), presidente do partido.
O senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE) afirmou que, caso o
pedido de São Paulo seja aprovado, o Senado estará abrindo uma
""grande exceção" ao limite de endividamento dos municípios.
""Como outras prefeituras têm
tratamento diferente, não me parece que [essa operação com São
Paulo] seja uma questão de mérito. É de prioridade", disse Tasso.
Segundo ele, a obra do metrô de
Fortaleza, iniciada há cinco anos,
está parada por falta de recursos, e
a União não concede novos empréstimos por causa do excesso
de endividamento do município.
Por resolução do Senado, o limite de endividamento de São
Paulo até o final do exercício de
2016 foi fixado em 120% do valor
da receita corrente líquida para o
montante da dívida consolidada
líquida. Ao final de 2002, essa relação já era de 236%. Se for feita a
referida operação do BNDES,
chegará a 253%.
Eduardo Azeredo (PSDB-MG)
citou o caso de Belo Horizonte,
cuja prefeitura teve empréstimo
com o BNDES negado pelo Banco
Central por ter ultrapassado o limite de endividamento. Os recursos seriam utilizados na compra
de imóveis pertencentes à Universidade Federal de Minas Gerais.
""A autorização do empréstimo
para São Paulo foi uma decisão
política", afirmou Azeredo.
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), explicou que essa operação de crédito fez parte do acordo de refinanciamento da dívida, celebrado pela prefeitura com a União em
maio de 2000, na gestão do prefeito Celso Pitta, que foi autorizado
pelo Senado. O valor desse crédito
era de R$ 741,1 milhões, dos quais
uma parcela de R$ 247,3 milhões
foi liberada em 2001.
Os secretários municipais de Finanças, Luís Carlos Fernandes
Afonso, e de Transportes, Jilmar
Tatto, foram à reunião da CAE.
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