São Paulo, domingo, 15 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula privatizou governo para o PT, afirma Alckmin

Apontado por petistas como defensor das privatizações, tucano diz que Estado foi posto a serviço de "companheiros'

Em evento em Maringá, candidato de oposição evita fazer ataques diretos ao presidente, mas acusa petistas de fazer "lambança"

LEANDRO BEGUOCI
ENVIADO ESPECIAL A MARINGÁ

Apontado como "privatista" por seus adversários, o tucano Geraldo Alckmin disse ontem, em Maringá (PR), que o governo "foi privatizado para o PT". "Não funciona um governo que aparelha o Estado. O governo é para prestar serviço à sociedade, não para servir aos companheiros, ao partido", afirmou.
A declaração foi feita em entrevista após um comício na cidade, situada no noroeste do Paraná e com economia baseada na agricultura.
No ato público, o tucano evitou ataques diretos a Lula, mas afirmou que o PT, "sob o ponto de vista ético, [fez] uma lambança". Até voltou ao tema da venda do AeroLula, que defendeu em debate na TV Bandeirantes, mas logo passou a discorrer sobre a necessidade de promover parcerias entre o governo federal, os Estados e os municípios.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) estava ao lado do presidenciável no palanque e disse que os petistas "roubam porque não acreditam em Deus".
Osmar Dias, irmão de Álvaro e candidato ao governo do Paraná, não deixou por menos. Disse que Maringá deveria dar uma "surra de votos" no presidente e no governador do Estado, Roberto Requião (PMDB).
Na entrevista, Alckmin tentou mostrar que seu propagado choque de gestão (que inclui corte de gastos públicos) não vai atingir o funcionalismo da máquina federal. "Tenho compromisso com o serviço público, sou filho de funcionário público", disse.
"Lula valoriza eleição, não deu reajustes [antes a servidores] e deu agora na eleição. Vamos contratar mais gente porque o dinheiro do desperdício nós vamos colocar na educação, na saúde, na segurança."
O candidato -que passou a ser visto como mais autoritário após o debate com Lula no domingo passado, segundo pesquisa do Datafolha- também elogiou a "cordialidade" do povo brasileiro.
Nesse momento, discursava sobre o palanque: "Sérgio Buarque de Holanda dizia que o homem ou a mulher brasileira é um povo cordial. Digo mais, é um povo cordial, é um povo que tem amor no coração". Buarque de Holanda escreveu "Raízes do Brasil", no qual aponta que o brasileiro busca evitar enfrentamentos, adotando padrões da vida privada para resolver os problemas públicos.
Mais tarde, questionado se levaria cordialidade para o próximo debate na TV, ele foi breve. "O tom dos próximos debates é falar a verdade. O brasileiro é cordial e é firme, não é tolerante", afirmou.

Santa Maria
Depois de fazer campanha em Maringá, Alckmin viajou para Santa Maria (RS), onde participou de comício com a tucana Yeda Crusius, favorita na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul. Ao discursar, o tucano atribuiu à corrupção o fraco crescimento da economia brasileira. ""Nenhum país no mundo avança se não acabar com a praga da corrupção", disse ele, em pouco mais de dez minutos de discurso para cerca de 3.000 pessoas sob chuva.
Alckmin ainda criticou Lula por, segundo ele, ter sido ""forte com o caseiro Francenildo e fraco com a corrupção".
Ao tratar também de temas sociais, o tucano afirmou que o petista elogia a saúde pública brasileira porque ""não conhece o SUS".


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