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Cessão de tecnologia não será total, dizem fábricas de caças
Representante da Boeing afirma que empresa não é responsável por todas as peças
Na audiência na Câmara, suecos e franceses fizeram propostas de fechar novas parcerias com a Embraer se vencerem a licitação da FAB
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sentados à mesma mesa, representantes das três empresas
que disputam a concorrência
para vender 36 caças ao Brasil
reconheceram ontem que a
transferência de tecnologia à
indústria nacional terá limites.
As autoridades sabem que
uma transferência de tecnologia sem restrições é impossível
porque as peças que compõem
os aviões são fabricadas por diferentes empresas, de diferentes países. E, desta vez, as concorrentes admitiram isso, em
audiência pública na Câmara.
Questionado por que a proposta da Boeing não cita transferência "irrestrita", e sim "necessária", Bob Gower, vice-presidente da empresa responsável pelo F-18 Super Hornet, disse: "Isso significaria dar acesso
a cada pequena peça. Se tivermos um chip Intel, não podemos dar acesso aos senhores.
Solicitamos a eles [permissão
para transferir], e eles nos disseram que era simples: "Basta
comprar a nossa empresa'".
Representante da francesa
Dassault, Jean-Louis Montel
reconheceu que o país não detém 100% da tecnologia do Rafale. "O domínio é francês", disse. Mas, segundo ele, isso não
será um problema: "Os fornecedores podem ser trocados". O
Rafale é o preferido do ministro
Nelson Jobim (Defesa).
Discretamente, os suecos da
Saab, fabricante do Gripen -o
caça mais barato-, comemoraram o resultado da audiência
porque avaliam que as declarações de americanos e franceses
puseram as três propostas em
pé de igualdade -o Gripen é
criticado porque dois terços do
avião não são feitos na Suécia, o
que dificultaria a transferência.
Na audiência, suecos e franceses propuseram novas parcerias com a Embraer, além da
produção dos caças no Brasil.
A Saab disse estar disposta a
desenvolver em conjunto com
a empresa brasileira a nova geração do Gripen, em "coprodução industrial e intelectual".
A Dassault falou em fabricar
em conjunto um motor "ecológico" para o Rafale: "baixo consumo, baixo ruído e capacidade
de uso de biocombustíveis".
Já os americanos concentraram sua apresentação em minar a crença de que o país se recusará a repassar segredos industriais, definida por Gower
como "exagero de alguns". Ele
disse ainda que a proposta dos
EUA é inédita, e "resultado da
amizade" entre Lula e Obama.
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