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JUSTIÇA
Ministro do Supremo irá aos presidentes da República, da Câmara e do Senado para discutir o limite de remuneração do funcionalismo
STF vai propor teto de R$ 12.720 para servidor
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Celso
de Mello, vai propor formalmente
ao Palácio do Planalto e ao Congresso Nacional o valor de R$
12.720 para os próprios salários,
que corresponderá ao teto de remuneração do funcionalismo.
A proposta será feita diretamente ao presidente Fernando Henrique Cardoso e aos presidentes do
Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e da Câmara dos
Deputados, Michel Temer
(PMDB-SP), em nome dos 11 ministros do STF.
A iniciativa será tomada logo
após o plenário do STF decidir se
mantém ou não suspenso o aumento salarial concedido pelo
presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Pádua
Ribeiro, aos juízes federais.
O julgamento está previsto para
a próxima quarta-feira.
Os ministros do STF já decidiram informalmente acelerar a negociação entre os três Poderes da
República sobre o teto e propor o
valor mais alto, diante da informação de que o governo queria o limite de R$ 10.800.
Essa posição deve ser confirmada em sessão administrativa, que
deve ocorrer na próxima semana.
Representantes de entidades de
classe dos magistrados vieram a
Brasília para pressionar pessoalmente os ministros do Supremo a
iniciar a negociação.
Todos os cerca de 3.000 juízes do
Poder Judiciário da União terão
aumento salarial após a aprovação
do teto por projeto de lei.
O ex-presidente da Associação
dos Magistrados Brasileiros Paulo
Gallotti disse que a expectativa dos
juízes é ainda maior que o valor
defendido pelo STF: querem correção de perdas salariais a partir
de janeiro de 1995.
A projeção mais modesta, considerando índice de inflação em torno de 40%, elevaria o salário do
STF para cerca de R$ 18 mil.
A proposta é semelhante à do
ministro Marco Aurélio de Mello,
que defende o valor de R$ 20.193, e
à do presidente da Associação dos
Juízes Federais do Brasil, Tourinho Neto, que em junho sugeriu
ao STF o limite de R$ 18,2 mil.
Os R$ 12.720 correspondem ao
maior salário do Supremo (é
acrescido de gratificação por atividade temporária no Tribunal Superior Eleitoral). Essa é a remuneração recebida atualmente por três
ministros do STF.
A emenda constitucional da reforma administrativa foi promulgada há quatro meses, prevendo a
instituição, por projeto de lei, do
teto salarial do funcionalismo.
Pela emenda, o projeto deve ser
negociado pelos representantes
dos três Poderes. A definição do
valor do teto também interessa aos
parlamentares federais, que hoje
recebem R$ 8.000.
A vinculação do teto do funcionalismo ao salário dos membros
do STF está causando constrangimento aos 11 ministros do Supremo. Celso de Mello lamentou ontem essa correlação. "O STF nunca interveio no Congresso para
propor que o teto fosse a própria
remuneração."
O presidente do STF também
protestou contra as pressões pela
definição do teto, sem citar os próprios juízes, que aguardam o aumento salarial.
Mello sugeriu divergir do presidente do STJ, para quem os juízes
já deram a sua "parcela de sacrifício" e hoje estão "pendurados no
cheque especial e nas mãos de um
gerente de banco".
"É certo que os magistrados enfrentam uma situação difícil, mas
essa não é uma situação exclusiva.
Reconheço que os servidores públicos também enfrentam momento grave", disse o presidente
do STF.
Plenário confirma
O plenário do STF confirmou
ontem, por 10 votos a 1, a suspensão do aumento salarial autorizado pelo TST (Tribunal Superior do
Trabalho) a todos os juízes da Justiça do Trabalho, retroativo a fevereiro de 1995.
O ministro Carlos Velloso, que
concedeu anteontem liminar suspendendo esse aumento, disse que
os juízes que descumprirem a decisão do STF estarão sujeitos a
processo por improbidade administrativa.
Preocupa os ministros do STF a
informação de que o TST liberou o
pagamento das 43 parcelas retroativas há cerca de dez dias, pouco
após a sua autorização. A condenação em processo desse tipo pode implicar a perda da função pública e dos direitos políticos.
Por sugestão do ministro Nelson
Jobim, o STF exigirá que o TST informe as providências que forem
tomadas para garantir a devolução
do dinheiro recebido indevidamente. O prazo previsto no regimento interno do STF é de 30 dias.
Segundo a assessoria do TST, na
quinta-feira será definida a forma
de devolução do dinheiro já pago.
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