São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Estratégia é contestar eventual escolha de governador mineiro por reduzido número de diretórios

Para barrar Itamar, PMDB governista quer boicotar prévia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ala governista do PMDB ameaça boicotar a prévia para a escolha do candidato do partido à Presidência da República, caso Itamar Franco (MG) não desista de sua pré-candidatura. Segundo um dos dirigentes da sigla, 12 diretórios regionais já estão comprometidos com o boicote.
Com essa estratégia, os governistas articulam contestar a eventual escolha de Itamar por um pequeno número de diretórios. E não confirmar sua indicação na convenção de junho, quando o partido vai ou oficializar um candidato próprio ou coligação.
A atual direção do PMDB espera que Itamar desista de concorrer após tomar conhecimento das regras estabelecidas para a prévia, reduzindo o número de votantes a pouco mais de 3.000 eleitores.
O problema é que Itamar, se vier a desistir, só deve anunciar sua decisão na véspera da prévia, marcada para o dia 20 de janeiro, deixando os governistas sem tempo para articular o nome de seu candidato, o presidente da sigla, Michel Temer (SP).
Temer só sairá candidato, nos próximos dias, se o senador Pedro Simon (RS) desistir de concorrer. Esse tem sido o esforço do PMDB governista. Temer apóia o nome de Simon à espera de que ele, caso desista, retribua. Mas o gaúcho insiste em concorrer, "até mesmo para garantir a realização da prévia", segundo diz.
Em outra frente, o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, defendeu ontem que o PMDB lance oficialmente na segunda-feira uma dissidência prévia contra a candidatura presidencial de Itamar.
"O partido não apóia a candidatura dele e precisa deixar isso bem claro, para que depois ele não diga que foi enganado", disse Jarbas logo depois da posse de novos ministros no Planalto. Moreira Franco, ex-assessor especial de FHC, ironizou: "Direção não faz dissidência. Ela é a maioria e não pode dissentir de si própria".
Para demonstrar que o PMDB não apóia mesmo Itamar, o governador de Pernambuco comparou: "Se o partido tivesse colocado o Itamar na televisão, como o PFL colocou a Roseana, ele também já teria 20%. E o partido não colocou porque não quer que ele seja candidato".
O motivo é que o PMDB é governista e Itamar é ostensivamente de oposição. Como um dos ministros que tomou posse ontem é do PMDB, Ney Suassuna (Integração Nacional), o governador pernambucano ainda provocou: "O ministro do partido acabou de assumir aqui e o partido é de oposição? Isso é ridículo".
Jarbas também disse, em tom de ironia, que "os apressados" deveriam ser mais cautelosos e não sair correndo para a candidatura de Roseana, a governista mais bem colocada nas pesquisas.
"Ainda é cedo. É preciso ter calma, paciência", disse Jarbas, que também classificou a candidatura do senador Simon de "brincadeirinha". Até porque já estaria acertada a candidatura dele ao governo do Rio Grande do Sul.



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