São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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PDT desiste de se opor ao PMDB no Senado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após se entender com o presidente do PT, José Dirceu, o PDT desistiu de formar um bloco com o PFL e o PSDB para disputar a presidência do Senado contra o PMDB. Em conversa com o senador Jefferson Peres (PDT-AM), autor da idéia da aliança, Dirceu classificou a aliança com o PMDB como indispensável para garantir a maioria do novo governo.
Dirceu encontrou-se com Peres na noite de terça-feira. Ele se desculpou por não ter avisado o PDT, sigla aliada no segundo turno da eleição presidencial, do acordo com o PMDB, pelo qual os peemedebistas indicam o candidato a presidente do Senado e o PT o da Câmara, por disporem da maior bancada nas Casas.
O presidente do PT também assegurou ao senador que o PDT terá participação no governo. Só não disse qual, nem Peres perguntou. Pela manhã, Leonel Brizola havia telefonado a Peres avisando-o que ele seria procurado por Dirceu, que tinha delegação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive para negociar a composição do governo.
"Não reivindicamos cargos nem em nível federal nem nos Estados. Nosso apoio não é fisiológico", disse Peres.
Após a conversa com Dirceu, Peres praticamente descartou a possibilidade de o PDT integrar um bloco com o PSDB e o PFL a fim de disputar a presidência do Senado. A idéia havia sido lançada pelo próprio pedetista e previa a candidatura do atual vice-presidente Marco Maciel, eleito para o Senado pelo PFL de Pernambuco.
Ao filiar o senador Luiz Otávio (PA), que estava sem partido, o PMDB, de acordo com Peres, assegurou a maior bancada (20 senadores) em relação ao PFL, que tem 19 senadores. A sigla ainda deve contar com o ingresso do senador João Mota, suplente do senador Paulo Hartung (PSB), eleito governador do Espírito Santo.
"Com a maioria aritmética [do PMDB], essa hipótese [constituição do bloco] desapareceu", disse Peres. O PFL e PSDB não responderam à sondagem feita pelo senador sobre a possível aliança.
Restam ao PDT duas alternativas: negociar uma composição com o PMDB, por meio da qual tentaria obter a presidência de uma comissão temática, ou votar em branco, caso o nome a ser indicado pelos peemedebistas não seja do seu agrado. O nome deve sair entre os senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP).
A formação de um bloco com o PFL também refluiu no PSDB, embora o presidente da legenda, José Aníbal (SP), diga que se trata de um assunto "ainda em aberto". (RAYMUNDO COSTA)



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