São Paulo, domingo, 15 de novembro de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Simbiose vendedora

Quem vê a nova campanha da GM na televisão passa da metade dos 60 segundos até descobrir que se trata da propaganda de um carro, e não do governo federal ou, de modo mais subliminar, de sua candidata.
Depois de menção a duas conquistas da administração anterior (controle da inflação e expansão da telefonia celular), o filme passa a levantar a bola da era Lula: "há dez anos, quem poderia imaginar a gente emprestando dinheiro para o FMI?"; "há três anos, você não imaginava que seríamos pioneiros em biocombustível"; "seis meses atrás, ninguém imaginava uma luz no fim do túnel" (da crise econômica).



Conte comigo. Com a matriz nos EUA em concordata, a GM decidiu investir R$ 2 bilhões na fábrica de Gravataí, município gaúcho administrado pelo PT. Desse total, R$ 420 milhões deverão sair do BNDES. A montadora ainda receberá adiantado o pagamento de 75% do ICMS.

Outro lado. A GM nega que a campanha, feita pela McCann Erickson, tenha cunho político-eleitoral. Além de atender grandes clientes privados, a agência tem contas em Furnas e na Embrapa.

Índex. Variam as opiniões governistas sobre o desempenho de Dilma Rousseff no "Jornal Nacional" de quinta-feira, que exibiu entrevista coletiva na qual a ministra falou pela primeira vez do apagão. Mas num ponto todos concordam: ela precisa urgentemente abandonar o "meu filho"/"minha filha" dirigido aos repórteres.

Próximo capítulo. Apesar da braveza na primeira aparição, o governo acha que Dilma deve, sim, defender sua gestão no setor elétrico.

Questão de fé. Ciro Gomes (PSB) continua a dizer ao correligionário Paulo Skaf que disputará o Planalto. E o presidente da Fiesp, que tanto investiu na candidatura ao governo, continua a acreditar.

Tô dentro. Diferentemente de Ciro, que só concorreria ao governo de São Paulo com o apoio do PT, Skaf está disposto a encarar a empreitada mesmo sem esse reforço.

Alavanca 1. Um observador atento do quadro mineiro recomenda não fazer pouco das chances do vice Antonio Anastasia (PSDB), novato em eleições e por ora mero figurante nas pesquisas de intenção de voto. Em especial se vingar a chamada "chapa AA": Aécio para presidente e Anastasia para governador.

Alavanca 2. Velho ditado local: "O maior partido de Minas sempre foi o PL: Palácio da Liberdade". Concorra Aécio ao Planalto ou ao Senado, Anastasia disputará o governo instalado no cargo.

Anos 60. A comissão curadora do Planalto e do Alvorada lança amanhã um projeto para localizar e resgatar quadros, esculturas e mobiliário originais dos dois palácios e hoje perdidos pela Esplanada. A intenção é exibi-los nos espaços abertos à visitação.

Caravana. Cerca de 50 pessoas do governo iraniano (entre ministros, assessores e seguranças), além de 200 empresários, acompanharão Mahmoud Ahmadinejad na visita ao Brasil. O presidente chega no próximo dia 23.

Em obras 1. Quase dois anos depois do escândalo dos cartões corporativos, a Casa Civil lançou edital para realizar um pregão, no próximo dia 27, e contratar empresa que fará a reforma do escritório onde trabalha a equipe responsável pela segurança de Lurian, filha do presidente Lula, em Florianópolis. Ela é secretária de Desenvolvimento Social de São José (SC).

Em obras 2. A Casa Civil pretende gastar R$ 18.500. Em 2008, esse gênero de despesa foi usado para justificar faturas elevadas dos cartões em Santa Catarina.

com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Depois de passar anos ao lado da turma da motosserra, a Dilma candidata agora quer posar de ambientalista."

Do deputado ACM NETO (DEM-BA), sobre o protagonismo conferido à ministra da Casa Civil nas discussões sobre o clima em Copenhague e na divulgação de dados sobre a queda do desmatamento.

Contraponto

Entre amigos

Yeda Crusius circulava na segunda-feira pela sala reservada às autoridades que participaram, na Fiesp, de evento em homenagem ao vice-presidente da República, José Alencar. Em dado momento, a tucana foi abordada pelo correligionário Barros Munhoz, que se apresentou:
-Muito prazer, governadora, eu sou o presidente da Assembleia Legislativa!
Sob constante assédio da Assembleia gaúcha, presidida pelo PT, Yeda teve uma primeira reação de estranhamento, e o deputado, compreensivo, resolveu acrescentar:
-Assembleia de São Paulo, viu?


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