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ORÇAMENTO
Governo vai gastar mais com salários do que com saúde e educação
Ajuste reforça distorção em gastos do governo
GUSTAVO PATÚ
da Sucursal de Brasília
OSWALDO BUARIM JR.
da Sucursal de Brasília
O pacote fiscal
e o novo Orçamento para 99
vão acentuar,
ainda que involuntariamente,
distorções do
gasto público: o
governo vai desembolsar mais
com despesas indesejadas, e as
prioridades vão perder espaço nos
gastos federais.
Quem comparar as previsões de
gastos de 98 e 99 terá a impressão
de que aposentados e servidores
públicos merecem a primazia entre as preocupações do governo.
O secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Martus Tavares, apresentou nesta semana
uma versão do Orçamento federal
já com cortes obrigados pela crise
financeira internacional, que se
agravou em agosto.
Em plena época de ajuste das
contas públicas, as despesas com
eles crescem de R$ 100,3 bilhões
para R$ 110,1 bilhões.
Isso significa que o pagamento
de salários e aposentadorias consumirá 69,2% das despesas federais, excluindo dessa conta os gastos com juros e os repasses a Estados e municípios. Em 98, essa participação deverá ficar em 67,1%.
Já saúde e educação -as prioridades teóricas- terão gastos cortados e uma participação mais
minguada no Orçamento.
Passarão de 11,6% da despesa total para 11,5%, apesar de, em valores absolutos, haver um pequeno
crescimento, de R$ 17,3 bilhões para R$ 18,3 bilhões.
É claro que uma parte das despesas com pessoal são direcionadas a
essas duas áreas.
Mas os números mostram a dificuldade do governo de ampliar investimentos efetivos em escolas e
hospitais.
Em resumo, o governo não conseguirá reduzir suas despesas totais em 99 -elas crescerão de R$
149,7 bilhões, neste ano, para R$
158,9 bilhões- e estará, segundo
seus próprios critérios, piorando a
qualidade do gasto público.
Para equilibrar suas contas e
conseguir os resultados prometidos ao FMI (Fundo Monetário Internacional), terá que elevar a receita de tributos e cortar investimentos prioritários.
Não se trata, propriamente, de
uma novidade. Em 95, quando o
governo Fernando Henrique Cardoso enviou ao Congresso propostas para reformar a administração
pública e a Previdência Social, esses gastos somavam R$ 69 bilhões,
ou 64,2% do total.
Saúde e educação possuíam uma
fatia maior do Orçamento: 15,8%,
ou R$ 17 bilhões.
De lá para cá, o primeiro grupo
de despesas teve um crescimento
contínuo e explosivo, de 59,5%,
contando as estimativas para 99.
O segundo grupo registrou uma
alta de apenas 7,6%, na mesma base de comparação.
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