São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Eleito deputado federal pelo PSDB, futuro presidente do Banco Central tirou do próprio bolso R$ 887 mil na eleição

Meirelles financiou a própria campanha

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado eleito Henrique Meirelles (PSDB-GO), indicado para a presidência do Banco Central no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, financiou quase a totalidade da sua própria campanha, tirando do bolso R$ 887 mil para assegurar um mandato a que agora terá de renunciar.
Meirelles fez uma campanha cara, com equipe de televisão própria e viagens por todo o Estado, de carro ou de avião.
Chegou a realizar um show com a dupla sertaneja Rick e Renner em Goiânia. O resultado foi uma enxurrada de 183.046 votos. Concentrou parte da votação em Goiânia, onde fez mais de 58 mil votos, e em Anápolis, mas teve votação pulverizada pelo Estado, deixando de ter votos em apenas dois municípios.
A sua campanha foi concentrada inicialmente nos chamados formadores de opinião, como estudantes universitários e integrantes da classe média, por meio de palestras, reuniões e caminhadas. Depois, partiu para a busca de votos na periferia das maiores cidades, onde também foi bem votado.

Doações
O futuro presidente do BC fez seis doações para a própria campanha, com valores entre R$ 100 mil e R$ 217,05 mil.
Recebeu apenas mais duas doações na campanha, no valor de R$ 15 mil cada uma, da Ultrafértil e da Fertilizantes Fosfatados, totalizando o custo da sua campanha em R$ 917 mil.
A legislação eleitoral não proíbe que um candidato faça doações para si mesmo nem impõe limites para essas doações.
Para assumir a presidência do Banco Central, Meirelles terá que renunciar ao mandato que acaba de assegurar pelo voto. Ele anunciou que também vai se desligar do PSDB, partido que fará oposição a Lula e ao qual se filiou pouco antes de lançar sua candidatura.
O presidente nacional do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), chegou a tentar o ingresso do deputado eleito no seu partido.
O futuro presidente do Banco Central repete procedimento do vice-presidente eleito, José Alencar (PL-MG), que doou R$ 3,8 milhões para a sua própria campanha ao Senado em 1998. Naquele mesmo ano, o deputado Ronaldo Cezar Coelho (PSDB-RJ), doou R$ 1,79 milhão para a própria campanha. Foi a campanha mais cara para a Câmara dos Deputados.
Nas eleições deste ano, a Coteminas -empresa de José de Alencar- fez a maior doação individual para a campanha de Lula: R$ 2,3 milhões.
(LUCIO VAZ)


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