São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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Família agora move ação judicial

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Vem de 1997 o relacionamento comercial da família Vasconcelos Bonfim com a Coteminas. Os negócios caminharam bem até 2000. Começaram a desandar em 2001. Azedaram de vez em 2002. Os Bonfim foram à breca.
Convencido de que a Coteminas ajudou a erigir o cadafalso em que se encontra, o patriarca Carlos Newton Vasconcelos Bonfim decidiu expor os subterrâneos de seus negócios com a empresa do vice-presidente eleito, José Alencar. Fez chegar ao tucanato um dossiê contra a Coteminas. Em 28 de novembro, o deputado Alberto Goldman (PSDB-SP) enviou a papelada à Corregedoria Geral da União. Na última terça, abriu-se um processo investigatório.
Os Bonfim também movem ação judicial contra a Coteminas. Corre, desde julho, em Rondonópolis (MT). O texto da ação fala abertamente em aquisição "fictícia" de algodão pela Coteminas em leilões da Conab.
Ao detalhar o "ilícito", a ação anota que a Coteminas "já era proprietária do algodão no momento do leilão". A própria família Bonfim o havia vendido.
O produto foi a leilão, diz a ação, por "exigência" da Coteminas, "para obter os prêmios pagos pelo governo."
Os Bonfim alegam que, passado o leilão, suas firmas "(...) eram obrigadas a devolver (à Coteminas) os valores que lhes foram pagos pela compra do algodão (...)" Pior: tinham de assumir "as despesas oriundas da operação", ficando a Coteminas "com os cofres recheados dos prêmios que indevidamente recebeu".
Na prática, os Bonfim se autoincriminam. Confessam-se cúmplices da manobra que denunciam. Coisa de quem está no limite. A ruína das empresas da família foi ao papel em 24 de janeiro de 2002. Na forma de confissão de dívida: R$ 8,1 milhões, referentes a algodão vendido e não entregue à Coteminas.
No documento, os Bonfim arrendam duas fazendas de algodão à Coteminas, que se compromete a destinar metade do lucro líquido à amortização da dívida da família. Arrependidos, os Bonfim foram à Justiça, que, em decisão liminar (provisória), devolveu-lhes a posse das fazendas.
A Coteminas tenta levar o caso para Belo Horizonte, foro previsto na escritura de confissão de dívida. (JS)


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