São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Para ganhar eleição tem que gastar"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador eleito de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), que bancou 65% de sua campanha e teve a terceira maior arrecadação de todos os candidatos aos governos estaduais, disse que a razão da sua receita ter superado à média é que os outros teriam omitido contribuições recebidas.
"Eu fui o único que falou a verdade. Fiz uma campanha transparente. Declarei o que arrecadei. Para ganhar eleição tem que gastar dinheiro mesmo."
Sobre a injeção de dinheiro de empresas da família e o uso de recursos próprios, ele disse que obedece a legislação eleitoral. Para esse tipo de situação, não há limite estabelecido.
Derrotado por Maggi, o senador Antero Paes de Barros (PSDB) afirmou que a campanha do adversário foi "um escândalo" em relação aos gastos.
De acordo com Barros, o governador eleito pode ter gasto na verdade US$ 12 milhões e não R$ 12 milhões, ou seja, mais de três vezes o valor declarado à Justiça Eleitoral. "Não tinha como combater", afirma.

Denúncias
Barros disse ter recebido denúncia de eleitores sobre a suposta oferta de dez litros de combustível por dia para cada carro cadastrado na campanha do candidato do PPS.
As contas da campanha do governador eleito revelam que ele gastou R$ 860 mil com abastecimento de automóveis. Maggi reage a essa acusação afirmando que o seu concorrente é que teria adotado essa prática.
O senador afirma que só há uma saída para equilibrar as disputas eleitorais: o financiamento exclusivamente público das campanhas, com punições severas às pessoas e às empresas que fizessem doações ou aos candidatos que as recebessem.
O debate sobre o financiamento público se arrasta há anos no Congresso, mas a proposta sofre resistências por causa do alto custo para os cofres da União.
Estima-se que as eleições gerais, em que são eleitos presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais, implicariam uma despesa de R$ 700 milhões -cerca de R$ 7,00 por eleitor.

Limite de doação
Pela legislação eleitoral, cada um pode gastar até o limite que tiver declarado no momento do registro da sua candidatura.
Não existe teto para a utilização de recursos próprios. As contas têm que ser prestadas até 30 dias depois da eleição.
O dinheiro arrecadado na campanha tem que ser lançado em conta do comitê financeiro ou do candidato.
(LUCIO VAZ E SILVANA DE FREITAS)


Texto Anterior: Poder econômico: Eleitos nos Estados tiveram as campanhas mais caras
Próximo Texto: No Planalto - Josias de Souza: A fantástica história do assassinado que se suicidou
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.