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São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

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A história nos julgará, diz Cristovam

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Tanto os favoráveis quanto os contrários à expulsão dos petistas diziam na saída do encontro que o processo foi "doído", palavra de uso recorrente. Cristovam Buarque (Educação), único ministro a falar no encontro, disse que a história julgará quem está certo.
"Se o governo mostrar que fizemos isso para avançar, cumprir aquilo que prometemos na campanha, a história vai mostrar que estamos certos. Agora, se houver um desvio, se não cumprirmos nossos compromissos históricos, isso pode mostrar que eles é que estavam certos", declarou o ministro da Educação.
O ministro disse ter feito questão de se inscrever para defender as expulsões, acrescentando achar que não havia sentido manter uma união artificial dentro do partido. "Vão ficar falando sobre esse encontro durante dez, 20 anos. Vocês não estão fazendo jornalismo, estão escrevendo a história", disse aos repórteres.

Dirceu x Suplicy
Um exemplo da divisão entre os governistas e os esquerdistas do PT se deu durante a intervenção do senador Eduardo Suplicy (SP), que tentava uma derradeira salvação da senadora Heloísa Helena.
Ele se dirigiu ao ministro José Dirceu (Casa Civil) e disse que pedia o perdão à senadora como forma de ajudar o próprio partido e, no geral, o governo. "Me deixe fora disso", disse o ministro, segundo relato do senador e de outras pessoas ouvidas.
Coube ao líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), responder negativamente, pela última vez, a Suplicy. "O que não pode é eles [os quatro parlamentares expulsos ontem] se juntarem à direita para derrubar um governo popular", afirmou Mercadante, segundo relato de presentes ao encontro.
O senador Eduardo Suplicy se insurgiu contra a ameaça de que não votaria ontem, já que não era oficialmente integrante do Diretório Nacional. Depois de dizer que isso se assemelhava ao AI-5, ato institucional de 1968 que marcou o endurecimento do regime militar (1964-1985), o senador obteve a vaga do deputado Zezéu Ribeiro (BA), que integra a ala majoritária. "Não aguentava mais, não queria nem ter ficado para a votação", disse o deputado federal Wasny de Roure (DF), momentos após sair do auditório do hotel onde ocorreu a reunião.
"A convivência se tornou impossível, eles viviam afirmando que nós abandonamos nossos princípios. Com tanta divergência, quem teria que ir embora: o PT ou eles?", afirmou o deputado Professor Luizinho (SP). O deputado se notabilizou por integrar a chamada tropa de choque pela defesa dos projetos de reforma do governo no Congresso.


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