São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

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Freud é inocentado em relatório

Nome de ex-assessor de Lula foi citado por Gedimar Passos, um dos envolvidos no dossiegate, à PF

Relator declara que autos não apresentam indícios de que ele tenha participado da compra do dossiê; deputado tucano levanta suspeitas


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-assessor especial da Presidência da República Freud Godoy foi inocentado no relatório final da CPI dos Sanguessugas. Freud foi apontado inicialmente por Gedimar Passos, emissário petista encarregado da negociação do dossiê antitucanos, como a pessoa que havia autorizado o pagamento pelo material.
A CPI ressaltou que posteriormente Gedimar voltou atrás na declaração sobre Freud, dizendo que havia mencionado seu nome após ser pressionado pela Polícia Federal a citar um petista importante que teria envolvimento no caso. "Não surgiu nos autos qualquer envolvimento adicional da figura de Freud Godoy nos eventos apurados da operação, a despeito do muito que foi dito pela imprensa sobre sua eventual participação", diz o relatório final do senador Amir Lando (PMDB-RO).
O sub-relator de sistematização e controle, o deputado tucano Carlos Sampaio (SP), no entanto, levantou uma série de dados, com base na quebra de sigilos telefônicos, que sugerem a participação de Freud na negociação do material.
O material analisa telefonemas trocados entre os seis petistas diretamente envolvidos no escândalo (Jorge Lorenzetti, Osvaldo Bargas, Expedito Veloso, Hamilton Lacerda, Gedimar Passos e Valdebran Padilha), com Freud, o presidente licenciado do PT, deputado Ricardo Berzoini, entre outros. As ligações ocorreram no período de negociação do dossiê (14 de agosto a 15 de setembro).
Sampaio registrou, por exemplo, que no dia 23 de agosto, primeiro encontro entre Gedimar e Expedito com Luiz Antonio e Darci Vedoin (chefes da máfia das ambulâncias), em Cuiabá (MT), Freud ligou duas vezes para Lorenzetti, apontado pela PF como o "articulador" da operação do dossiê.
De acordo com o material feito por Sampaio, no dia 29 de agosto Expedito informou a Valdebran, representante dos Vedoin, que Lorenzetti achara o preço cobrado pelo dossiê (R$ 10 milhões) muito alto.
Nesse dia, Freud foi à sede do PT. Ele alega que foi se informar sobre a qualidade do serviço que a empresa de sua mulher, a Caso Sistemas de Segurança, prestou ao PT. Nessa data, se encontrou com Gedimar.
No dia seguinte, há várias ligações entre os petistas do dossiegate e 26 telefonemas da Presidência da República para Freud. "Lorenzetti e Bargas, quando recebiam as informações de Expedito, trocavam várias ligações com o ramal da Presidência e com o próprio deputado Berzoini", informa o texto do tucano. A Folha não conseguiu falar com Freud até o fechamento desta edição.


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