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Eleitor trocou voto por R$ 100 em Rondônia
Funcionários de uma empresa confirmam ter recebido dinheiro para votar no governador reeleito Ivo Cassol, do PPS
Eleitores relatam ainda que "contrato" incluía o trabalho de distribuição de panfletos e de material de campanha para outros candidatos
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
Ao menos cinco funcionários
de uma empresa de segurança
privada disseram em depoimento à Polícia Federal que receberam R$ 100 para votar no
governador reeleito de Rondônia, Ivo Cassol, do MD (antigo
PPS). Por telefone, a Folha localizou quatro deles, que confirmaram o pagamento.
Eles são empregados da Rocha Segurança e Vigilância,
propriedade de Irineu Gonçalves, irmão de Expedito Júnior
(PPS), senador eleito e aliado
de Cassol nas últimas eleições.
Segundo os depoimentos
-citados em uma investigação
judicial da Procuradoria Regional Eleitoral do Estado baseado em inquérito da PF-, o "pacote" de quem os funcionários
deveriam votar incluía, além do
governador e do senador eleito,
Val Ferreira (PPS), que é mulher de Expedito e não se elegeu para a Câmara, e José Antônio Gonçalves Ferreira
(PSDC), que é irmão de Expedito e foi derrotado na disputa
para a Assembléia Legislativa.
Todos os candidatos negam
que tenham comprado votos
ou autorizado alguém a fazê-lo.
Em seus depoimentos, os
funcionários dizem que, depois
de acordada a venda do voto,
um emissário dizia que eles deveriam também trabalhar para
as candidaturas dos quatro como "formiguinhas" -distribuindo panfletos e material de
campanha. Os funcionários
afirmam que, em seguida, assinavam um contrato. Segundo
as investigações, o documento
dizia que os R$ 100 pagos se referiam ao trabalho na campanha de Carlos dos Reis Batista
(Prona), outro candidato a deputado estadual não eleito.
Os contratos, assim como o
comprovante de pagamentos,
foram encontrados na empresa
Rocha pela PF. Até agora, as
apurações apontam que Batista atuava como "laranja" para o
suposto esquema da compra de
votos, legalizando o dinheiro
usado na irregularidade.
Com apenas 40 votos a seu
favor, o candidato apresenta,
em sua prestação entregue à
Justiça Eleitoral, gastos de R$
164.152,07, basicamente com
pagamentos de R$ 100 a 960
pessoas físicas, com a justificativa de "serviços prestados por
terceiros". A Procuradoria e a
PF acreditam que a maioria
dos beneficiários dos depósitos
sejam funcionários da Rocha.
Todos que depuseram disseram não conhecer o candidato.
O Ministério Público não
pretende tentar suspender a
diplomação de Cassol e Expedito, prevista para hoje. De
acordo com o resultado do inquérito da PF, a Procuradoria
pode pedir, posteriormente, a
impugnação do diploma dos
dois candidatos eleitos. A captação de sufrágio (compra de
votos) pode acarretar a perda
do mandato e, na esfera penal,
a reclusão de um a quatro anos.
A Folha ligou para quatro
funcionários da Rocha. Todos
confirmaram que receberam a
proposta de ganhar o dinheiro.
Três deles disseram que o dinheiro era para votar nos quatro candidatos citados nos depoimentos. Um afirmou que
recebeu o dinheiro, mas para
trabalhar como "formiguinha".
Sob a condição de não revelarem seus nomes, os três que
confirmaram a compra disseram saber que a proposta não
se restringiu a eles: "Todo
mundo recebeu esse dinheiro
aí, e assinou um termo lá".
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