|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo vai cortar R$ 12 bilhões de emendas coletivas
Paulo Bernardo afirma que investimentos públicos não incluídos no PAC terão corte que podem chegar a R$ 6 bi
No Ministério da Fazenda, técnicos estudam quais tributos terão aumento; pacote será apresentado
a Lula na próxima semana
VALDO CRUZ
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Entre as medidas para compensar o fim da CPMF, o Ministério do Planejamento vai
cortar investimentos públicos
fora do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e recursos destinados às emendas
coletivas apresentadas por parlamentares ao Orçamento da
União do próximo ano.
"Vamos preservar os R$ 18
bilhões de investimentos do
PAC, é determinação do presidente, mas com o fim do imposto do cheque teremos de fazer
um corte nos outros investimentos", disse o ministro Paulo Bernardo (Planejamento).
Fora do PAC, o Orçamento
prevê R$ 12 bilhões em investimentos públicos, sendo R$ 4
bilhões só para a Defesa. O corte em estudo no Planejamento,
segundo a Folha apurou, pode
chegar a R$ 6 bilhões.
No caso das emendas coletivas, há outros R$ 12 bilhões
programados. Essas emendas,
apresentadas por bancadas estaduais ou comissões temáticas
do Congresso, destinam verbas
geralmente para grandes
obras, de interesse de governadores e prefeitos de capital.
Bernardo disse que propôs
aos membros da Comissão de
Orçamento zerar essas emendas, mantendo apenas as individuais, que totalizam R$ 4,7
bilhões. A reação no Congresso, porém, é contrária ao corte.
Essas medidas farão parte do
pacote que a equipe econômica
irá apresentar ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva na
próxima semana, provavelmente na quarta-feira.
O Planejamento ficou encarregado de fazer as propostas de
cortes no Orçamento, que, segundo negociação do governo
com os presidentes da Câmara,
Arlindo Chinaglia (PT-SP), e
do Senado, Garibaldi Alves
(PMDB-RN), será votado em
fevereiro. Não deve ser feita
convocação extraordinária do
Congresso em janeiro.
Já a Fazenda analisa quais
impostos pode aumentar para
compensar parte dos R$ 40 bilhões que o chamado imposto
do cheque renderia em 2008.
A Receita Federal deve propor aumentos nas alíquotas de
CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido), especialmente para bancos, IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e PIS/Cofins.
Apesar da avaliação de que
representantes da indústria jogaram contra o próprio setor
ao trabalharem pelo fim da
CPMF, há uma preocupação
em evitar que opções para cobrir o rombo nas contas públicas sobrecarreguem o setor
produtivo. Isso porque o governo não quer adicionar riscos ao
aumento dos investimentos.
Para técnicos do governo ouvidos pela Folha, o setor produtivo deixará de ganhar porque, com o fim da CPMF, as desonerações em estudo, sobretudo sobre a folha de salários,
ficaram comprometidas.
Já os bancos estão na mira
do governo por viverem uma
era de recordes de lucro. Sabe-se, porém, que um aumento na
tributação do setor pode levar a
aumento nos juros, com elevação do custo dos empréstimos.
Por isso a preocupação na
Fazenda é identificar as fontes
alternativas de arrecadação.
Texto Anterior: Sindicatos rejeitam congelamento de salários para compensar fim da CPMF Próximo Texto: Frase Índice
|