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Governo discute novo imposto para saúde
Segundo ministro José Múcio, outra forma de financiamento pode ser analisada na tramitação de uma reforma tributária
Proposta tem sido feita por setores da oposição, como parte do PSDB, partido que ajudou a derrotar o governo Lula na votação da CPMF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, disse ontem à Folha que
o governo pode rediscutir uma
forma de financiamento da
saúde na tramitação de uma reforma tributária. Essa proposta
tem sido feita por setores da
oposição, principalmente do
PSDB, partido que estava dividido quanto à votação da
CPMF, mas que acabou ajudando a derrotar o governo.
Segundo o ministro, o presidente não deseja recriar a
CPMF, o chamado imposto do
cheque, que deixará de existir
no próximo ano. A idéia seria,
na reforma tributária, criar um
outro imposto ou contribuição
destinado exclusivamente para
financiar a saúde, conforme
antecipou ontem o "Painel".
Essa medida, contudo, seria
para médio e longo prazos. Ela
não será incluída no pacote em
elaboração pela equipe econômica para compensar os R$ 40
bilhões que o governo deixará
de recolher com o fim da
CPMF no próximo ano.
Segundo a Folha apurou, o
presidente Lula teria afirmado
a interlocutores que desistiu da
CPMF por considerar que há
um segmento na sociedade
contrário ao "imposto" e que o
custo político para aprovar a
sua renovação é muito alto.
O presidente nacional do
PSDB, senador Sérgio Guerra
(PE), disse ontem que o partido
aceita discutir formas de financiamento para a saúde, mas
dentro da reforma tributária.
"A questão do financiamento
da saúde nos preocupa, temos
que desenvolver isso na reforma tributária", disse. Sobre se o
partido aceitaria uma "nova
CPMF", afirmou: "Vamos pensar em algo novo".
A abertura da negociação divide o PSDB. O senador Álvaro
Dias (PSDB-PR), que articulou
contra a CPMF, disse que o
partido não tem que discutir
formas de financiamento para
a saúde porque o governo tem
orçamento para isso. "Se dependesse da minha vontade, o
PSDB despiria o governo com
relação à saúde, tirava a roupa
do governo. Há dinheiro no Orçamento para a saúde, não precisa criar uma moeda nova."
Dentro do governo, a discussão de uma reforma tributária
preocupa porque a folga fiscal
que existia desapareceu com o
fim da CPMF. A equipe contava com essa folga para fazer
concessões nas negociações da
reformulação do sistema tributária brasileiro.
Por outro lado, a derrota na
CPMF traz, para setores do governo, uma boa notícia. Fará
todo o governo unificar o discurso em torno da necessidade
de manter sob equilíbrio as
contas públicas, sob risco de
provocar turbulências no mercado e desconfianças quanto à
capacidade do governo de
manter sob controle sua dívida
pública.
Havia um grupo dentro do
governo defendendo acelerar
gastos e, inclusive, reduzir ainda mais o superávit primário,
cuja meta atual é de 3,8% do
PIB (Produto Interno Bruto).
(VALDO CRUZ, SHEILA D'AMORIM E ANDREZA MATAIS)
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