São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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contra

Especialista desaprova o projeto

DA REPORTAGEM LOCAL

Thomaz da Mata Machado, presidente do Comitê da Bacia do rio São Francisco, médico sanitarista e professor da UFMG afirma que a transposição não resolverá o problema da seca no Nordeste porque levará água de onde tem, o São Francisco, para um lugar onde não falta água, o açude Castanhão, no Ceará. Diz que as agências internacionais de financiamento perceberam o problema e que, por isso, o governo federal terá de custear a obra com recursos próprios. (LB)

 

FOLHA - O país precisa da transposição do São Francisco?
THOMAZ DA MATA MACHADO -
Não.

FOLHA - Por quê?
MACHADO -
Ela tira água de onde tem, do São Francisco, e concentra água onde também tem, no açude Castanhão, no Ceará, e no Armando Ribeiro, no Rio Grande do Norte. 85% da água vai para esses pontos, especialmente para o Ceará. Você não resolve o problema concentrando água, resolve distribuindo. Esse projeto não leva água para a população difusa nem para as pequenas cidades.
Até hoje, nenhuma agência internacional teve coragem de financiar a transposição porque todo mundo vê que o projeto não cumpre o objetivo que deveria cumprir.

FOLHA - A quem interessa o projeto?
MACHADO -
A articulação pró-transposição foi bem-feita dentro do governo, o [deputado federal e ex-ministro da Integração Nacional ]Ciro Gomes fez bem isso. Nunca houve um diálogo do governo conosco, com a área do meio-ambiente, o governo não nos escutou. A transposição é um projeto da elite do Ceará para o desenvolvimento econômico.
Não tenho nada contra o desenvolvimento econômico. Mas não com o argumento de que revolverá o problema do semi-árido.


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