|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Presos pela PF aceitam a delação premiada
Dos 104 presos pela Operação Rapina, 73 optaram pelo benefício que reduz a pena caso ajude na elucidação do crime
Para a PF, parte das verbas supostamente desviadas por nove prefeitos do Maranhão bancou a campanha eleitoral de candidatos no Estado
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
SILVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Pelo menos 70% dos presos
suspeitos de desviar dinheiro
público da União por meio de
fraudes em licitações no Maranhão aceitaram a delação premiada, benefício pelo qual indiciados ou acusados podem reduzir eventuais penas se ajudarem na elucidação de crimes.
"Ninguém foi condenado
ainda, mas os indícios são muito fortes. Se aceitaram o benefício da delação premiada é porque, certamente, têm muito a
dizer", afirmou o superintendente da Polícia Federal no
Maranhão, Gustavo Gominho.
Ontem à tarde, mais sete suspeitos foram presos. No total,
até as 20h de ontem, havia 86
detidos em São Luís -sendo oito prefeitos-, 17 em Teresina
(PI) e um em Parnaíba (PI).
Dos 104 presos até ontem na
Operação Rapina, 73 concordaram com a delação premiada.
De acordo com investigação
da PF e da CGU (Controladoria
Geral da União), os suspeitos
são gestores públicos, contadores, empresários e técnicos do
Tribunal de Contas do Maranhão. A estimativa é que tenham desviado cerca de R$ 1 bilhão dos cofres públicos nos últimos dez anos.
Campanhas políticas
Parte das verbas supostamente desviadas por nove prefeitos do Maranhão bancou
campanhas, de acordo com gravações autorizadas pela Justiça
e com cruzamentos de dados
entre a PF e a CGU.
Um dos casos que evidenciam a irregularidade envolve
um prefeito e um candidato a
deputado estadual nas eleições
de 2006, cujos nomes a PF não
revelou. Em uma das gravações, o prefeito -que teria desviado verba da saúde para a
campanha -combina com o
candidato uma justificativa para burlar a fiscalização.
Além de documentos, lanchas, armas e carros de luxo, os
policiais que participaram da
ação apreenderam cerca de
US$ 20 mil em dinheiro (aproximadamente R$ 37,5 mil) e
mais R$ 138 mil.
Na casa de um dos três servidores do Tribunal de Contas do
Maranhão detidos, houve
apreensão de R$ 70 mil em dinheiro -o salário bruto do funcionário é de R$ 5.000. A PF
não divulga o nome do suspeito
porque o inquérito corre em segredo de Justiça.
O prefeito de Araioses, José
Cardoso do Nascimento (PSC),
82, foi detido junto com a mulher e a filha anteontem. Ainda
na cidade, a PF disse ter encontrado na casa da presidente da
comissão de licitação da prefeitura, Vilenice Carvalho da Costa, R$ 63,2 mil em dinheiro, em
cédulas dentro de uma garrafa
plástica de refrigerante.
Para justificar os desvios, segundo a PF, os prefeitos inventavam projetos e firmavam
convênios com a União para a
execução das obras. "Quando
os recursos chegavam ao caixa,
os prefeitos sacavam tudo e depois investiam em patrimônio,
comprando apartamentos, carros e lanchas."
Empresas fantasmas e outras
que funcionam legalmente
emitiam notas fiscais para
comprovar as despesas. "Tem
empresa legal, registrada, que
apenas vendia a nota fiscal em
troca de comissão. O resto era
embolsado pelos prefeitos",
afirmou Gominho.
Texto Anterior: Pró: "Transposição é necessária para o Brasil" Próximo Texto: Outro lado: TCE diz que envolvidos são exceções Índice
|