|
Texto Anterior | Índice
Esquema tinha atuação em três vertentes
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ
Os deputados e servidores
da Assembléia Legislativa de
Alagoas envolvidos no suposto esquema de desvio de
recursos revelado pela Operação Taturana atuavam em
três vertentes, de acordo
com a Polícia Federal, para
receber restituição indevida
do imposto de renda, obter
financiamentos bancários e
aumentar os seus salários.
"A primeira vertente é a
inclusão de falsos funcionários na folha de pagamento; a
segunda, a colocação de pessoas que concordavam com o
esquema e recebiam para
não abrir a boca; e a terceira,
que envolve deputados e diretores da Casa, é uma fraude tributária contra a Receita
Federal", disse o delegado
Janderlyer Gomes.
Segundo o delegado, por
orientação de deputados e
servidores, a Assembléia Legislativa informava à Receita
Federal valores recolhidos
do IR dos "fantasmas" e "laranjas" muito superiores à
tabela progressiva de descontos.
"Em cinco anos, a Receita
Federal teve um prejuízo de
quase R$ 2,5 milhões." Outros R$ 200 milhões -pela
estimativa da PF- foram
desviados da Assembléia alagoana entre 2001 e 2006.
O esquema começou a cair
quando alguns "fantasmas"
não conseguiram realizar o
cadastramento de isentos da
Receita Federal. "No ano
passado, fui verificar o que tinha acontecido e me disseram que eu era funcionária
da Assembléia, recebendo
um salário de R$ 2.536,96
por mês. Fiquei assustada
porque havia três anos que
não trabalhava mais lá", disse Thereza Christini Pereira
da Rocha, 47, assessora parlamentar até 2003.
Na última quinta-feira, 41
pessoas foram presas durante a Operação Taturana, entre elas um ex-governador do
Estado. No mesmo dia, a Receita Federal bloqueou as
restituições dos deputados e
funcionários da Assembléia
que estariam disponíveis no
último lote, a ser pago na
próxima segunda-feira.
"Mesmo os funcionários e
parlamentares que receberam restituições em lotes anteriores serão convocados
para apresentar toda a documentação e esclarecer muitas dúvidas", disse Gomes.
O delegado afirmou que os
dez deputados (há 27 na Assembléia) supostamente envolvidos no esquema serão
indiciados por estelionato,
crime contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, peculato, corrupção passiva e formação de quadrilha.
Sete deputados suspeitos
de participação no esquema
já prestaram depoimento,
entre eles o presidente da Assembléia, Antonio Albuquerque (DEM), apontado pela
PF como um dos líderes do
esquema. Depois de interrogado, Albuquerque deixou a
PF e disse que é inocente e
que está à disposição da Justiça para apresentar toda a
documentação necessária
para esclarecer as denúncias.
Texto Anterior: Sindicância aponta nova fraude em Alagoas Índice
|